Não posso reclamar da minha existência!
Sou pai de quatro filhos perfeitos, que são a
grande razão da minha vida.
Sei que como cristão evangélico, não poderia
estar falando isso.
A frase deveria ser:
“Deus é a grande razão da minha vida”, mas já
passei dessa fase. E tenho certeza que Deus me entende quando ponho meus filhos
e minha esposa acima de tudo.
Embora hoje não viva mais ao lado da mulher que
amo, e sempre amei, desde a minha juventude, ainda assim não reclamo.
Aprendi (às duras penas) que na vida, a gente
colhe exatamente aquilo que semeia. Fui imprudente em vários momentos de minha
efêmera existência. Magoei pessoas que me amavam. E minha esposa foi uma dessas
vítimas da minha irresponsabilidade.
Mas não reclamo! Sou feliz (em partes), porque
passei momentos felizes ao lado deles, e essas lembranças, ninguém pode me
roubar (a não ser o “mal de Alzheimer”).
Nossa vida é feita de momentos!
E o que realmente importa, na minha opinião, é
como nos lembraremos desse momentos, quando estivermos velhos, e já caminhando
para os braços de nosso criador.
Será que diremos:
Valeu à pena! Amei e fui amado!
Chorei, mas também rí...e rí mais do que
chorei!
Me entristeci, mas também me alegrei, e como me
alegrei!
Viví! E viví plenamente essa vida maravilhosa,
proporcionada por Deus.
É assim que quero me lembrar dos meus momentos.
O apóstolo nos aconselha a deixar para traz as velhas coisas, mas acredito (me
perdoe Paulo) que ele próprio não conseguia fazê-lo.
Não tem como ignorar o passado, devemos sim,
mantê-lo sempre vivo em nossos pensamentos, pois foi a nossa vida. (efêmera
vida).
Logo mais vou estar desfazendo mais um ano da
minha existência.
Foi isso mesmo que eu quis dizer, “desfazendo”,
porque ele já foi embora, já faz parte do meu passado, e no ano vindouro, será
mais um dos meus momentos. (para recordar)
Hoje estou só!...só com meus momentos.
Gostaria de compartilhá-los com alguém, mas não
posso, meus momentos (que são tão importantes, tão preciosos para mim) não são
importantes para outros.
Assim como os momentos importantes dos outros
(por mais que eu me esforce) não têm a mesma importância para mim.
Compartilho então essas lindas, feias,
agradáveis, repugnantes lembranças, com meu pai. Quem sabe pra Ele, esses
momentos tenham muito valor?!
Confesso!
Preferia a companhia da minha amada, mas,
coisas impossíveis, são difíceis de acontecer.
Fico com Deus!
Ele nunca me deixou!
Muitas vezes se calou e me deixou falar.
Outras vezes agiu e me fez calar.
Então me calei, mas continuei falando com Ele,
pois não tem jeito, sei que Ele ouve, quando meu coração fala ao Seu.
Não vejo seus olhos, não ouço sua vóz, não
sinto seu toque e nem entendo porque muitas vezes, pareço um vegetal, um objeto
inanimado perto Dele.
Queria vê-lo, mas ainda não é hora...
E quando for hora, certamente vou querer ficar
mais um pouco por aquí.
É assim que funciona!
Queremos que Ele venha até nós, nunca ir até
Ele.
Porque se formos, os momentos ficarão. Mas com
quem?
Os meus? Bem , vejamos:
Talvez com minha filha Julia? Não sei.
Com minha pequena Jessica? Talvez.
Com meu primeiro filho homem, Jonas? Um
pouco.
Com o pequeno Cauã? Menos ainda.
Com minha querida Claudia? Quase todos. Pois a
maioria deles, passei ao seu lado.
Espero que cuidem bem dos meus momentos, eles
já não serão tão importantes para mim, na travessia do grande rio.
Continuo sem reclamar...
Escrito por Edson Moura São Paulo, 17 de
Dezembro às 20:36
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