segunda-feira, 19 de abril de 2010
Dois
anos de uma vida, dois anos e muitas estorias, dois anos de pensamentos gerados
em um crânio em processo de desenvolvimento, "DOIS FILHOS" levados para
longe...para muito longe de um pai que lamentará a perda por todo o restante de
sua vida.
A
sensação é inexplicável, a dor é soberba, o desespero confunde os pensamentos do
pai, ao chegar em casa e ver que seus dois filhos não estavam. Ele procura pela
casa deserta, ele reflete por alguns instantes se os filhos não estão
escondidos, a fim de pregar-lhe uma peça. Mas as esperanças se dissolvem como
uma colher de açúcar em um copo de água.
Ele só
consegue pensar nas vezes em que se levantara de madrugada para visitar os
"meninos"....Muitas vezes ele os acordava de seu repouso induzido, para
acrescentar mais alguns conselhos, palavras, pensamentos....no ainda jovem
espírito de seus dois garotos. Noites em claro, apenas contemplando a sua
criação. Quantas e quantas vezes ele apenas ouvia o que seus filhos tinham a lhe
dizer. Ele sabia que quaisquer palavras que brotassem dos lábios mudos de seus
filhos...apenas seria reflexo daquilo que ele mesmo
era.
Um
chamava-se "OUTRO EVANGELHO", o outro...mais novo, chamava-se "FINALMENTE
LIVRES"...Tinha um terceiro, mas ele ainda estava em fase embrionária, seu nome
seria "PRODUTOS DO AMOR" (Este também lhe fora
tirado).
As
lágrimas são impossíveis de serem evitadas. Os soluços interrompem a caneta que
desliza, agora sobre a face pálida de uma folha de
caderno.
Uma
pessoa, não se sabe quem, invadiu a casa desse pai; não se sabe ao certo em que
momento de sua ausência. Penetrou pelos cômodos ainda vazios e encontrou ali,
sobre uma pequena escrivaninha, o compartimento onde o pai despejava seu
coração, em forma de palavras, que davam origem à frases, que produziam textos e
que traziam à vida seus filhos.
Desolação seria a palavra que expressaria o sentimento no
coração deste homem, que tudo que mais queria era ver seus filhos crescerem,
tomarem a forma adulta e repousarem com imponência num lugar todo especial para
eles. (A estante de sua biblioteca).
Um
notebook roubado, dois filhos arrancados de forma bruta das mãos de um pai.
Provavelmente a esta hora nenhum deles têm mais vida, a não ser as lembranças na
cabeça e no coração de uma pai que sabe, que jamais conseguirá
reproduzí-los.
Dois
anos de uma vida...dois anos de uma estoria....dois anos anos de pensamentos
gerados em um crânio em processo de desenvolvimento....deletados por um receptor
de produtos furtados...em apenas trinta segundos (Tempo estimado de espera para
se excluir um arquivo do Word com duzentas mil
palavras!).
Assim
é a vida!!!
Por
Edson Moura.
(Trinta minutos depois de chegar em casa e não encontrar
seu notebook com todos os seus arquivos).
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