sábado, 16 de outubro de 2010
Embora
o desfecho desta história que lhes conto seja fictício, devo deixar
claro que o teor do conto é verdadeiro e acontece ainda hoje bem perto
de mim. A intenção minha é apenas deixar patente aos leitores que
sentimentos de ira e de justiça que passam a todos os momentos por
nossas cabeças, mas cabe a nós controlarmos o ímpeto vingativo e acalmar
o nossos “corações” para não tornarmo-nos justiceiros insensíveis.
Resumindo
ao máximo, começo a esclarecendo os motivos que levaram o Noreda a
praticar tal ato. Durante cerca de dois meses ele observou atentamente o
comportamento daquela mulher e daquele homem. O marido – um jovem de
apenas 22 anos – saía bem cedo para trabalhar. Era quando o pastor
chegava à casa do membro de sua igreja, para foder sua mulher durante
horas.
Podia
ver pela janela quando eles terminavam de transar e riam da total
incapacidade do jovem corno em perceber que sua mulher gostava muito
mais de sexo do que ele poderia oferecer. Ela dizia que a culpa era dele
mesmo, pois ele preferia ir para a igreja ensaiar com a banda do que
ficar em casa e dar conta do recado.
Certa
vez, o pastor fez uma visita na casa com o pretexto de fazer uma
campanha de oração por ali...só os três. Ao terminarem o marido foi
tomar banho enquanto a mulher – jovem 19 anos – foi passar um cafezinho.
Não deu outra. Eles meteram ali na sala mesmo. Rolou até sexo anal.
Enfim, tudo isso irritou muito ao Noreda e o levou a tomar uma atitude
radical.
Depois
de abordar o pastor numa esquina escura e desmaiá-lo com um golpe na
cabeça com o cabo do revólver, jogo-o dentro de um porta-malas e levo-o
até o monte onde muitas vezes ele traçou a mulher do membro. Ele está
sangrando muito, não me preocupei nem em averiguar se ele estava morto.
Arranco-o com brutalidade de dentro do carro e começo a socar sua cara.
Então ele acorda, sem entender nada ele me pede que leve o que quiser
mas não o mate.
Não quero nada que você possua, eu digo.
Você
vai morrer hoje cara! Está preparado para isso? Vou livrar o mundo de
uma desgraça...uma doença que é você. Você sabe por que estou fazendo
isto, não sabe? Você é um enganador, você fere um mandamento divino que é
o de não cobiçar a mulher do próximo. Vou matá-lo, mas antes vou
fazê-lo sofrer. Quero que tenha tempo para se arrepender.
Minha
vós treme e a arma parece pegar fogo em minha mão. O aço do revólver
parece ter se fundido à minha pele. A sensação é ruim e boa ao mesmo
tempo. Um filme passa em câmera lenta em minha cabeça. Perguntas do
tipo: “que direito eu tenho de fazer isso?” ou “o que faz de mim um cara
melhor do que ele?”. Não importa, eu vou matá-lo, não cheguei até aqui
para arregar agora.
Pergunto
para ele se ele quer morrer. Pergunto se ele mataria um homem se
soubesse que sua mulher, é possuída quatro vezes por semana em sua
própria cama. Pergunto se ele já imaginou a sensação de cair de boca na
vagina de sua esposa, sem saber que horas antes ela estava cheia do
esperma de outro homem. Ele não reponde. Posso ouvir um homem chorando
agora. Ele chora, com o rosto ensangüentado virado para o chão, a terra
do monte entra em sua boca enquanto ele respira pesadamente.
Vou
matar este homem. Vou morrer aqui por dentro, mas cumprirei a missão
que eu mesmo me dei. Nunca pensei que fosse tão pavoroso ter a vida de
uma pessoa bem no final do cano de uma arma. Quero gritar. Quero
entender o porquê disso tudo, mas não grito. Olho para o céu e ele hoje
está todo pontilhado com estrelas. Nunca vi um céu tão lindo. Nada me
acalma, e a tremedeira, causada pela raiva, voltou.
Ele
se levante e tenta virar para mim, mas eu o impeço com uma coronhada
bem no nariz. O sangue jorra como um chafariz. Ele grita por
misericórdia a Deus. Promete que nunca mais vai sequer olhar para outra
mulher que não a dele. O Sol desponta no horizonte, já são quase cinco
da manhã. Mando que ele aprecie o nasce r do Sol, pois será seu último.
Ele
agora está chorando como uma criança. Eu não vou mais fazer isso, eu
juro! Por favor, não me mate, eu tenho dois filhos cara!
Eu
sei que você nunca mais vai fazer isso, agora eu confio em você. Mando
que ele se ajoelhe de frente para mim. Olho bem dentro de seus olhos e
vejo um homem apavorado, totalmente inseguro, desesperado, bem diferente
daquele cara que pregava sermões moralistas enquanto traçava a mulher
de um de seus membros da igreja.
Olho
para o Sol mais uma vez. A arma está apontada bem entre os lhos do
homem adúltero. Por um momento posso sentir a presença de Deus ao meu
lado, em forma de calor, em forma de luz, mas sei que não é Ele...então,
num momento de estúpidaa lucidez...
Puxo o gatilho.
(Edson Moura)
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