segunda-feira, 24 de agosto de 2009

“Leões na cova de Daniel”


Por: Edson Moura

"Daniel, pois, quando soube que o edito estava assinado, entrou em sua casa (ora havia no seu quarto janelas abertas do lado de Jerusalém), e três vezes no dia se punha de joelhos, e orava, e dava graças diante do seu Deus, como também antes costumava fazer.
Então aqueles homens foram juntos, e acharam a Daniel orando e suplicando diante do seu Deus.
Então se apresentaram ao rei e, a respeito do edito real, disseram-lhe: Porventura não assinaste o edito, pelo qual todo o homem que fizesse uma petição a qualquer deus, ou a qualquer homem, por espaço de trinta dias, e não a ti, ó rei, fosse lançado na cova dos leões? Respondeu o rei, dizendo: Esta palavra é certa, conforme a lei dos medos e dos persas, que não se pode revogar.
Então responderam ao rei, dizendo-lhe: Daniel, que é dos filhos dos cativos de Judá, não tem feito caso de ti, ó rei, nem do edito que assinaste, antes três vezes por dia faz a sua oração". (Daniel 6.10-13)

O hábito de orar nos é mostrado na história do servo de Deus Daniel, quando ele já tinha cerca de 80 anos de idade. O texto: “...e orava...como costumava fazer”, identifica um hábito cultivado muito tempo antes, como expressão de uma vida que dependia daquilo. (da oração)
Temos hábitos que são frutos de necessidades. Temos o hábito de comer, porque necessitamos. Mesmo sem relógio ou sem olhar para o Sol, sabemos qual é a hora do almoço, do jantar, etc. Porque o organismo necessita da alimentação regular.
Temos o costume de dormir, e nem a mudança de fuso horário nos faz descuidar do sono na hora exigida pelo organismo. Se alguma circunstância nos faz alterar o costume, chega o momento em que o organismo nos cobra e se não for atendido, se recente. Se continua a falta do alimento ou do repouso, sofre distúrbios, enfraquece, definha, e, se não for socorrido, marcha para a insuficiência, para a invalidez e por fim à morte.

A oração é para o homem interior, o que o alimento e o oxigênio e o repouso são para o homem exterior. Como acontece com o corpo, em relação ao alimento, e ao repouso, assim acontece com a nossa vida espiritual, se não forem satisfeitas as necessidades regulares.
Muitos cristãos sabem que o Evangelho de Cristo é a verdade. Jesus é o único e suficiente salvador; sabem que devem evangelizar e fazer discípulos, que devem orar como forma de relacionamento com Deus, que devem obedecer, que devem cooperar nos cultos, que devem contribuir com os dízimos ( não como forma de barganha com Deus ou esperando receber “n” vezes mais aquilo que “semeou”, mas porque tem responsabilidade com a obra do Senhor e tem amor pelas vidas que estão se perdendo no mundo, sabem que devem amar seus inimigos (porque esta é uma ordem de Jesus) e ajudar no que for possível aos necessitados. E ainda assim, nada fazem, porque não deram ouvidos aos primeiros apelos de suas consciências e às aspirações das suas almas, abandonaram o costume de orar e chegaram à total “inanição espiritual” (almas mortas de fome)

Quando uma alma chega a este nível crítico, será que ainda existe uma solução?!
Na experiência do profeta Jonas, encontramos a “receita”. Jonas, que fora designado para pregar em Nínive, fugia da presença e da ordem de Deus seu senhor, desceu para Jope, desceu para dentro do navio, desceu ao porão do navio e depois teve que descer ao profundo do mar, indo parar no ventre de um grande peixe. E agora Jonas? Qual a solução? Observe o que está escrito:
“E OROU Jonas ao Senhor, seu Deus, das entranhas do peixe.
E disse: Na minha angústia clamei ao Senhor, e ele me respondeu; do ventre do inferno gritei, e tu ouviste a minha voz.
Porque tu me lançaste no profundo, no coração dos mares, e a corrente das águas me cercou; todas as tuas ondas e as tuas vagas têm passado por cima de mim.
E eu disse: Lançado estou de diante dos teus olhos; todavia tornarei a ver o teu santo templo.
As águas me cercaram até a alma, o abismo me rodeou, e as algas se enrolaram na minha cabeça.
Eu desci até aos fundamentos dos montes; a terra me encerrou para sempre com os seus ferrolhos; mas tu fizeste subir a minha vida da perdição, ó Senhor meu Deus.
Quando desfalecia em mim a minha alma, lembrei-me do Senhor; e entrou a ti a minha oração, no teu santo templo.
Os que observam as falsas vaidades deixam a sua misericórdia.
Mas eu te oferecerei sacrifício com a voz do agradecimento; o que votei pagarei. Do Senhor vem a salvação.
Falou, pois, o Senhor ao peixe, e este vomitou a Jonas na terra seca”. (Jonas 2.1-10)


E aconteceu que Jonas foi socorrido por Deus e voltou a cumprir a missão da qual tinha fugido.
Para evitar esses “contratempos” e algumas outras experiências desagradabilíssimas, o melhor certamente é seguir o exemplo de Daniel, que ainda bem jovem cultivara o costume de orar, e Deus lhe dava a solução dos maiores e mais sérios problemas dos reis e do reino ( não seus problemas pessoais) e já aos 80 anos, pondo em risco sua própria vida, entregou-se à oração. E Deus era com ele, para que tudo culminasse em glória para o nome santo do Senhor (leia Daniel 6.25-28).
Todos os poderes do império se compactuavam para tirar a vida de Daniel e foi determinado que, se ele não ficasse 30 dias orando somente ao rei Dário, seria lançado numa cova de leões. Daniel, a despeito dessa ameaça, resolveu continuar orando ao Deus do céu como costumava fazer. Foi parar na cova dos leões, mas o Senhor foi com ele e os leões não lhe tocaram. Não estou enfatizando o fato de os leões terem sido impedidos de tocá-lo e sim ao fato de Daniel, assim como Sadraque, Mesaque e abednego, não cederem, mesmo diante da morte eminente. O texto não diz que Daniel orou para Deus livrá-lo, pode até ter orado, mas o texto não diz. Mas o texto deixa implícito, que o rei Dário orou, e jejuou em prol de Daniel (esta é a oração intercessória).

Oremos sem cessar irmãos, porque se queremos que Deus nos atenda quando oramos, temos que atende-lo quando Ele ordena. Ele é a suprema autoridade, nós dependemos Dele em tudo (no que diz respeito à vida espiritual...porque no mundo, muita coisa depende de nossos próprios esforços)
Bendito seja o costume de orar, de desabafar, de se relacionar com Deus, pois este é o motivo da nossa oração...comunhão com nosso Pai celestial, e não petição.

Que Deus continue nos abençoando assim, com a vida!