sábado, 28 de novembro de 2009

Petições nobres...motivações, nem tanto


Por: Edson Moura

É preciso, com muita responsabilidade, ou deveria dizer, com honestidade, revermos nossos conceitos quanto às nossas orações. Para isso, é necessário que nós examinemos quais são as motivações que nos levaram a pedir algo a Deus.
Digo isso, porque tenho observado em muitos lugares, principalmente na mídia televisiva, que mesmo sendo pessoas sinceras, e sem maldade alguma em seus corações, acabam por fazer de seu momento de oração, um átrio de pedintes espirituais. (embora eu veja a oração como um ato exclusivo de relacionamento com Deus, não condeno quem use esse momento para fazer também suas petições, até porque nós acharemos respaldo bíblico tanto para uma como para outra atitude)

Nem vou falar de pedidos materiais (engloba: emprego, melhor salário, casa própria, carro, alimentação e vestimentas ‘mesmo que só o necessário’, e afins)
Também não vou “nem tocar no assunto”, daquelas bênçãos que, embora não seja nenhum dos itens citados na lista acima, têm como “beneficiário” somente o “requerente”.

Quero falar aqui daqueles pedidos que são cobertos de nobreza, feitos por pessoas que se julgam (ou nós mesmos as consideramos) politicamente corretas. Mas que na verdade estão apenas mascarando a verdadeira motivação, ou seja, o interesse próprio.

Talvez vocês, meus Caros leitores, digam assim:
Ele fala coisas que não sabe!
Ou ainda:

Ele nunca passou por algo do tipo!
Ou mais:

Ele diz essas coisas porque pra ele a vida deve ser um “céu de brigadeiro” ou um “mar de almirante”! (desculpem-me o pleonasmo)
Devo deixar claro que nem tudo na minha vida é um “mar de rosas” (de novo!), aliás, já passei, e ainda passo por aflições das maiores, e também entendo, e quando posso, participo do drama de meus irmãos. É por esse motivo que eu citei no início do texto, as pessoas sinceras e sem maldade, apenas agem inconscientemente, e minha preocupação aqui é somente levá-las a refletir.

São inúmeros os exemplos que eu poderia colocar, mas quero me ater a somente dois:

Que dizer de uma mãe, que ora constantemente para que seu filho, envolvido com drogas, seja salvo dessa vida de perdição, e venha para Jesus?

As lágrimas por ela derramadas, são as mais sinceras possíveis. As campanhas que ela faz em sua pequena (ou grande) igreja, são pelo nobre motivo de se resgatar uma vida que está se perdendo. (não estou aqui, legitimando campanhas e correntes feitas a torto e a direito por aí)
Mas será, e eu disse SERÁ, que na verdade, ela não quer simplesmente parar de sofrer? Pois eu ouço muitas, mães dizerem as seguintes frases:

Ah meu Deus! Quando é que esse meu sofrimento vai acabar? (sofrimento pela situação do filho)
Não agüento mais meu Deus! Prefiro morrer a sofrer desse jeito!
Então vejam!

A pauta da oração até pode ser nobre, mas as motivações nem tanto.
É claro que isso não é regra, pois muitas orações, além de seu caráter altruísta, são também motivadas pelo desejo de ver a outra pessoa recuperada. É o caso de algumas mulheres que choram ao lado da cama de seus filhos, doentes terminais de câncer. Elas só pedem a Deus que acabe com o sofrimento daquela criança, reconhecendo assim a incapacidade humana para determinados problemas, e abrindo mão daquilo que para ela seria seu maior tesouro neste mundo.

E quanto ao marido, que vendo sua amada esposa, o grande amor de sua vida, acometida por uma doença que certamente a levará à morte, pede a Deus constantemente dia e noite, sem comer nem dormir, implorando que não a leve embora. (também não estou dizendo que Deus mata as pessoas, ou que por muito pedir Ele vai acabar cedendo às exigências humanas. Este é outro assunto, tratado em outros artigos neste blog, os melhores são os escritos pelo Marcio Alves)
Na verdade, o que ele está dizendo é:
Não quero ficar sozinho! Ela é a minha vida, sem ela eu prefiro morrer! Não vou suportar!

Novamente vemos um pedido nobre, mas coberto de interesse próprio.

Sei que é bonito você gostar de uma pessoa ao ponto de pedir intervenção divina por ela. Mas eu só gostaria que antes de orarmos, examinássemos nossas motivações e procurássemos nelas, vestígios de desejos interesseiros que podem estar tão ocultos que somente Deus poderia identificá-los, e Ele consegue!

Os exemplos citados no texto são apenas fictícios, frutos de uma mente que não quer parar de pensar. Peço desculpas a todos aqueles que já passaram por situações semelhantes, e vêem nas minhas palavras uma agressão aos seus sentimentos mais sinceros, sei bem como é isso! Mas como diria Pilatos:
“O que escrevi, escrevi!”
Que Deus nos abençoe a todos, ricos e pobres, bons e maus, crentes ou não, amem!

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Eu duvido, logo penso, logo existo

Por: Edson Moura

Às vezes (e hoje é uma dessas vezes), minha mente fica totalmente “vazia de tão cheia”. Não sei se isso já aconteceu com vocês leitores, mas comigo acontece de fases em fases.

Paradoxo-mental!

É assim que eu chamo isso (nem sei se já nomearam esse fenômeno ou se é um fenômeno), pois são tantos os pensamentos que eu acho que nunca vou conseguir organizá-los.

Pareço estar “VOLTANDO AO GÊNESIS” da minha existência. Começo re-capitular cada passo, cada minuto do meu passado e num segundo momento, me surpreendo imaginando o futuro (meu futuro). É então que surgem as crises existenciais.

Não me disseram! Ninguém me alertou! Também não veio nenhum manual de instruções explicando como seria a vida a partir do momento em que eu aceitasse a Jesus como meu Senhor e salvador. Só depois de muito tempo descobri que o manual era a palavra de Deus escrita por homens comuns.

Hoje, depois de anos, consegui me desvencilhar das velhas tradições da igreja, e optei por um “CRISTIANISMO A-RELIGIOSO”, sem medo do inferno eterno e também sem cobiça insana pelo céu de pedras sardônicas e portas de pérolas.
Sem medo da ira de um Deus terrível e vingativo, mas também sem ilusões de um Deus que (só pelo fato de eu servi-lo) me livre das agruras da vida. Simplesmente, passei a seguir um Deus que tem o rosto de Jesus, o filho do carpinteiro.

Mas repito!

Às vezes os pensamentos, as idéias, se misturam. E a mente fica “vazia de tão cheia” novamente.

Sinto-me muito distante desse Jesus da Galiléia. Sinto que somente as “FAGULHAS DO DIVÍNO NO HUMANO” é o que me sobrou. Parece que sou tocado apenas por “PARTÍCULAS DA GRAÇA
Mas continuo caminhando, tropeçando, caindo, me arrastando ...e me levantando para retornar à peregrinação.

Muitas vezes, mal compreendido pelos que estão lá encima do “PULPITO CRISTÃO
Apedrejado sim! Por aqueles que amo tanto! (e amo mesmo). Ignorado por pessoas as quais eu daria meu pescoço pra ser cortado, sem pestanejar. (não estou sendo demagógico)

Disseram-me, lá no início, que existe uma “PALAVRA QUE LIBERTA”, mas não me vi livre. Livre sim, do peso do pecado. Sim livre da acusação da lei, mas “preso a uma vida de liberdade”, quando "TOMEI A PÍLULA VERMELHA".

Portanto: “EU FICO COM A PALAVRA DE DEUS”, mesmo que as vezes, confesso, sinto falta (pouca falta) daquele tempo em que eu acreditava que as rodas do destino eram movidas pelo Senhor dos exércitos, e tudo acabaria cooperando para o meu bem, pois eu o servia.

Era mentira! Hoje sei que não é assim.

Novamente, minha “SALA DO PENSAMENTO” está vazia, de tão cheia que se encontra.
Ensaio um novo comportamento...proseio comigo mesmo, e entre esses “ENSAIOS E PROSAS”, me vejo de novo no início de tudo...no meio de tudo...querendo mesmo... é o final de tudo, sair deste mundo, ao qual eu não pertenço, e pular dentro da “BACIAS DAS ALMAS” que Deus deve ter preparado para nos lavar.

Tento encontrar, mais uma vez, “OUTRA ESPIRITUALIDADE”, uma nova, que me permita viver...ou morrer em paz...paz no meu espírito.

Mas tenho medo!

Medo de ser irresponsável, medo de conduzir ao erro, aqueles que o Senhor tanto ama, àqueles pelos quais Ele entregou a própria vida. Então me calo, e procuro não pensar (como se isso fosse possível ao Ser humano)

Começo a perceber então irmãos, que preciso desesperadamente continuar vivendo, não posso parar a peregrinação, encontro forças no meu companheiro “FIEL” (Marcio Alves), para vencer o “GIGANTE DESESPERO”.

Caminhamos rumo à “CIDADE CELESTIAL” (penso), mas com uma certeza no coração:
Esse “OUTRO EVANGELHO” que anunciamos, na verdade é outro mesmo...é aquele que Jesus pregou na palestina...e se perdeu no tempo.

Vejo uma luz...

sábado, 7 de novembro de 2009

Deus do Pentatêuco ou Jesus da Galiléia?



Por: Edson Moura

Antes que me condenem, quero avisar que não estou dizendo que são 2 (dois) Deuses, e sim um único Deus, mas que é “projetado” em nosso consciente-inconsciente da maneira que melhor se adapte ao nosso modo de viver o cristianismo. Boa leitura!

Os Fariseus podem dormir seu sono tranqüilo, pois eles falharam, não conseguindo calar a voz de Cristo, mas hoje, milhões de cristãos abafam e deturpam o Evangelho pregado na palestina.

Infelizmente estão fazendo um “bom” trabalho!

A criação revela tanto poder que desconcerta nossa mente e deixa-nos sem palavras. Somos enamorados e encantados pelo poder de Deus. Gaguejamos e hesitamos diante da santidade de Deus. Trememos diante da majestade de Deus... e apesar disso mostramo-nos melindrosos e ressabiados diante do amor de Deus.
Fico estupefato diante da difundida recusa, em nossas terras, em pensar-se grande sobre um Deus amoroso. Como nervosos cavalos “puro-sangue” sendo guiados à linha de largada do grande prêmio, muitos cristãos relincham, escoiceiam e pinoteiam diante da revelação do superabrangente amor de Deus em Jesus Cristo.

Em minha jornada como cristão errante, tenho encontrado chocante resistência ao Deus que a Bíblia define como Amor. Os céticos estão entre os acadêmicos untuosos e excessivamente polidos que sugerem discretamente traços da heresia do universalismo a crentalhões ultraconservadores que enxergam apenas o implacável e empoeirado Deus guerreiro do Pentateuco, e insistem em reafirmar as frias demandas de um perfeccionismo infestado de regras.

Nossa resistência ao amor furioso de Deus pode ser traçada de volta à igreja, a nossos pais e pastores e à própria vida. Foram eles, (protestamos) que esconderam a face do Deus compassivo em favor de um Deus de santidade, justiça e ira.
No entanto, se fôssemos verdadeiramente homens e mulheres de oração, nossos rostos como pederneira e nosso coração devastado pela paixão, abriríamos mão de nossas desculpas. Pararíamos de colocar a culpa nos outros.
Temos de sair para um deserto de algum tipo (seu quintal serve) e adentrar uma experiência pessoal com o assombroso amor de Deus. Então poderemos concordar com conhecimento de causa, com o místico inglês Julián de Norwich: "A maior honra que podemos dar ao Deus Todo-Poderoso é viver com alegria pelo conhecimento do seu amor".


Poderemos entender porque, como observa o Dicionário teológico do Novo Testamento, de Kittel, que nos últimos dias de sua vida na ilha de Patmos o apóstolo João escreveu, e escreveu com majestosa monotonia, sobre o amor de Jesus Cristo. Como que pela primeira vez, poderemos compreender o que Paulo queria dizer: "Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça; para que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo, nosso Senhor" (Rm 5:20,21).
Da mesma forma que João escreveu, no crepúsculo da vida, apenas sobre o amor de Jesus, Paulo também escreveu abundantemente sobre o evangelho da graça:

•A graça de Deus é a totalidade pelo que homens e mulheres são tornados justos .
•Pela graça Paulo foi chamado.
•Deus derrama sua gloriosa graça sobre nós em seu Filho.
•A graça de Deus foi manifestada para a salvação de todos.
•A graça de nosso Senhor superabundou com a fé e o amor que há em Jesus Cristo.
•A graça é depósito ao qual temos acesso através de Jesus Cristo.
•É um estado ou condição em que nos encontramos.
•É recebida em abundância.
•A graça de Deus abundou mais que o pecado.
•Ela se estende para mais e mais pessoas.
•A graça contrasta com as obras, que carecem do poder para salvar; se as obras tivessem esse poder, a realidade da graça seria anulada.
•A graça contrasta com a Lei. Tanto judeus quanto gentios são salvos pela graça do Senhor Jesus.
•Apegar-se à Lei é anular a graça e quando os gálatas aceitaram a Lei caíram da graça.

Sim, o Deus gracioso encarnado em Jesus Cristo nos ama.

A graça é a expressão ativa deste amor. O cristão vive pela graça como filho do Abba, rejeitando por completo o Deus que pega as pessoas de surpresa ao menor sinal de fraqueza — o Deus incapaz de sorrir diante de nossos erros desajeitados, o Deus que não aceita um lugar em nossas festividades humanas, o Deus que diz "você vai pagar por isso", o Deus incapaz de compreender que crianças sempre se sujam e são distraídas, o Deus eternamente bisbilhotando à caça de pecadores.

Ao mesmo tempo, o filho do Pai rejeita o Deus de cores pastéis que promete que nunca vai chover no nosso desfile.

O filho de Deus sabe que a vida tocada pela graça chama-o para viver numa montanha fria e exposta ao vento, não nas planícies aplainadas de uma religião sensata e de meio-termo.
Pois no coração do evangelho da graça o céu escurece, o vento ruge, um jovem sobe um outro monte Moriá em obediência ao Deus implacável que exige tudo.


Ao contrário de Abraão, ele carrega nas costas uma cruz, e não lenha para o fogo... como Abraão, em obediência a um Deus selvagem e irrequieto que fará as coisas da sua forma não importe o que custe.

Esse é o Deus do evangelho da graça. Um Deus que, por amor a nós, mandou o único Filho que jamais teve, embalado em nossa própria pele. Ele aprendeu a andar, tropeçou e caiu, chorou pedindo leite; transpirou sangue na noite; foi fustigado com um açoite e alvo de cusparadas; foi preso à cruz e morreu sussurrando perdão sobre todos nós.

O Deus do cristão legalista, por outro lado, é com freqüência imprevisível, errático e capaz de toda espécie de preconceito. Quando vemos Deus dessa forma sentimo-nos compelidos a nos envolvermos em alguma espécie de mágica para aplacá-lo. A adoração de domingo torna-se um seguro supersticioso contra os seus caprichos. Esse Deus espera que as pessoas sejam perfeitas e estejam em perpétuo controle de seus sentimentos e emoções. Quando gente esmagada por esse conceito de Deus acaba falhando — como inevitavelmente acontece — ela em geral espera punição. Ela por isso persevera em práticas religiosas ao mesmo tempo em que luta para manter uma imagem oca de um eu perfeito. A luta em si é exaustiva.


Os legalistas nunca são capazes de viver à altura das expectativas que projetam em Deus. Percebi como era difícil para mim olhar para elas e dizer: "Pai, perdoa-os, porque não sabem o que fazem".


As duras palavras de Jesus dirigidas aos fariseus estendem-se pelo curso dos anos. Hoje em dia elas não se aplicam apenas aos televangelistas que caíram, mas a cada um de nós. Distorcemos por inteiro o sentido do que Jesus disse quando usamos suas palavras como armas contra os outros. Elas devem ser assumidas pessoalmente por nós.


Essa é a forma e o formato do farisaísmo cristão dos nossos dias. A hipocrisia não é privilégio de quem está por cima. O mais empobrecido entre nós tem potencial para ela. "A hipocrisia é a expressão natural do que é mais perverso em nós."

O “Outro Evangelho” que apresentamos, mostra um Jesus que perdoa pecados — incluindo pecados da carne; que ele sente-se à vontade na companhia de pecadores que se lembram de como mostrar compaixão, mas que não pode e não terá um relacionamento com os que são hipócritas no Espírito.


Talvez a verdadeira dicotomia dentro da comunidade cristã da atualidade não seja entre conservadores e liberais, ou entre criacionistas e evolucionistas, ou entre calvinistas e arminianos, mas entre os despertos e os adormecidos. . Da mesma forma que todo homem inteligente sabe que e estúpido, o cristão desperto sabe que é limitado e dependente da graça.

Embora a verdade nem sempre seja humildade, a humildade é sempre verdade: o reconhecimento sem rodeios de que devo minha vida, meu ser e minha salvação a outro. Esse ato fundamental jaz no âmago de nossa reação à graça.
A beleza do evangelho verdadeiro está na percepção que ele oferece de Jesus: a ternura essencial do seu coração, de seu modo de ver o mundo e de seu modo de relacionar-se com você e comigo.


"Se você quer de fato compreender um homem, não apenas ouça o que ele diz, mas observe o que ele faz".


Que a maravilhosa graça de Deus toque-nos a todos.