quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Circular aos "Confraternos"


Escrevo esta pequena epístola aos irmãos da C.P.F.G, com mãos trêmulas , pois é chegada a hora de botar o leãozinho pra descansar. Por motivos de força maior, eu Edson Moura Santos, estou retirando-me destas “salas de pensamentos”. Talvez seja um mal ainda não diagnosticado... Mas os sintomas são bem presentes:


Coração: Bate com esforço sobre-humano, luta bravamente para não ceder ao óbito, porque lá em seu profundo, a vontade é sair deste “orfanato” e partir com os novos “pais adotivos”.

Veias poéticas: Totalmente entupidas, nem uma safena resolveria, pois seria necessário uma “ponte” do tamanho da que liga a cidade do Rio à Niterói, pra somente amenizar as anomalias.

Membros: Já não se deixam dominar pelo seu senhor o “cérebro”, que também já está parcialmente comprometido. Os pensamentos já não se organizam, as ideias fogem como serpentes de dentro de um saco aberto, o raciocínio, esse nem se fala...nem sei se ainda existe vestígios dele por aí.

Alma: Totalmente abatida, angustiada até a morte, como diria o “Filho do homem”, busca repouso, não o eterno, apenas repouso.

Espírito: Este é o único que ainda manifesta reação aos medicamentos, embora esteja pronto, depende de sua carne pra não sucumbir.

Não sei por quanto tempo, talvez só alguns anos, mas a retirada é de suma importância. Todavia, estarei olhando por todos da “esfera blogueira”, mas sempre dos bastidores. Quero dizer a todos que aqui se expressam que:

Foi a melhor época da minha vida, estes últimos meses com vocês. Conheci muitos amigos... Amigos mesmo, e se não fosse pelas suas presenças aqui, certamente não estaria escrevendo este rabisco.

Não quero citar os nomes, para não cometer o erro de esquecer alguém, mas sintam-se todos abraçados por este irmão que se despede com lágrimas nos olhos. Não responderei comentários, mas os lerei sempre que meus olhos não estiverem nublados.

Peço perdão ao meu “sócio” Marcio Alves por abandoná-lo neste momento tão delicado, e deixar este fardo descansar sobre seus ombros. Confio em seu talento e paciência para administrar bem as disputas que surgirem... sempre atentando para a máxima: “Se em meio à crise, precisar usar aquilo que tem nas mãos(verdade e bondade), prefira sempre a bondade...para não magoar um irmão.”

Não se sinta só “mano”, estarei sempre contigo onde estiver, e onde caíres ali também cairei.

Cultivem sempre o amor, pratiquem com esmero, não se aprende amar se não estivermos caminhando no chão da existência... Aprende-se a amar, somente no choque da vida cotidiana.

Sentirei falta de todos, sem exceções, espero voltar um dia, e ainda encontrá-los por aqui.

Descobri algo precioso aqui dentro, e preciso lutar por ele lá fora. Não é covardia, apenas esperança...de um dia, ser feliz novamente.

Beijos!

Meus novos amigos CONFRATERNOS.

Edson Moura Santos

domingo, 24 de janeiro de 2010

"O Rico e o Pobre"

Por: Edson Moura


“Tudo é relativo”...disse o Gênio. Concordo com ele!


“Todo ponto de vista...é a vista de um ponto”. Disse outro.

A pobreza é vista hoje como uma doença que carcome a nossa sociedade. Seja pobre, e será infeliz! É a máxima. Seja rico e experimentará coisas fantásticas, sentirá sensações intensas.

Minha experiência de vida me ensinou que não é bem assim, aliás, é totalmente o contrário. Quanto mais pobre se é, mais intenso serão suas sensações. Não estou dizendo que devemos ser pobres. Até acho que, se uma pessoa tem capacidade para ganhar muito dinheiro, que o faça. Só estou dizendo que:

“Quanto mais condições de vida se tem, mais fracas se tornam sensações”

Por exemplo: Uma pessoa que pode, na hora em que quiser, ir até uma loja de eletrodomésticos e comprar uma geladeira nova, Jamais irá sentir a emoção que um pobre sente ao conseguir comprar uma geladeira também. A intensidade da alegria dos filhos deste pobre, nunca poderão ser comparadas à alegria fugaz que o filho do rico sentirá. Até a água gelada que eles beberem (os pobres), terão sabores diferentes...sempre mais intensos para os que podem menos.

A emoção que sinto, quando vou a uma livraria, e compro um livro que a muito tempo venho “paquerando” , é incomparável com a emoção (se é que haverá), da pessoa que pode comprar o mesmo livro, mas o deixará de canto, muitas vezes nem lendo-o. O brinquedo simplesinho que eu compro para meu filho em seu aniversário, trará para mim uma satisfação muito maior que a do rico.

Esta verdade, cabe em todas as situação na vida dos menos favorecidos financeiramente, sem exceções.Basta estarmos mais atentos às pequenas realizações de nosso dia-a-dia. A grandeza da pequenas coisas, está na sua efemeridade. Os diamantes são caros e desejados, justamente por sua raridade.

Infelizmente o “senso comum”, induz as pessoas a buscarem mais e mais sempre. A mídia televisiva bombardeia as mentes mais fracas com propagandas cada vez mais agressivas, causando nos “seres inferiores” uma decepção enorme por não poderem adquirir o que eles tentam vender.

Com isso param de olhar para os detalhes da vida, para as pequenas coisas, que às vezes passam despercebidas, porque estamos olhando para muito além do que nossas vistas alcançam. O prazer de poder saborear um alimento gostoso. A magia de viajar para um lugar paradisíaco. O perfume que as flores exalam aos primeiros raios de Sol. O carinho que um amigo desprende ao outro. Todas essas coisas podem parecer pequenas, mas na verdade são macro-espetáculos do cotidiano.

Veja:

Viajar para uma praia no Brasil, para o pobre...é mais intenso que viajar para Europa, para o rico.

Comer um contra-filé para um pobre...é mais prazeroso que comer caviar para um rico.

Assim como sentir o perfume das flores, para quem está livre...é diferente do sentir para quem está encarcerado.

A realidade é que nós não nos deixamos mais surpreender por Deus, que em Sua grandeza, mostra-nos que devemos olhar para as pequenas coisas. A vida vai passando rapidamente e nós vamos perdendo a sensibilidade. A causa desta perda significativa de sensibilidade para o “pequeno”, é a busca pela riqueza. Ela chega até mesmo fazer uma esposa rejeitar seu marido, se este não for ambicioso. Ou até mesmo, um filho que por seu pai não poder lhe dar um brinquedo qualquer, despreza-o.

A conclusão é que a vida do pobre, sempre vai ser mais intensa. A vida do rico beira o vazio. Não é ruim ser rico, o fato é que é infinitamente melhor ser pobre.

Raramente oro pedindo algo a Deus...mas quando peço, digo assim:

“Senhor, permita-me morrer pobre.”


“Qualquer homem que tem mais do que precisa para viver...é um ladrão” Ghandi

domingo, 17 de janeiro de 2010

"Lembranças de minha vida eterna"


Por: Edson Moura

Quando a escuridão se dissipou, uma luz intensa ofuscou meus olhos. Jamais pensei que houvera tamanha claridade, vinda do Sol. Ele estava com um brilho diferente, poderia até afirmar que ele estava mais próximo da Terra, mas não estava mais quente, pelo contrário, a sensação térmica era agradabilíssima.

Finalmente comecei a lembrar de forma fragmentada, da noite anterior. Eu estava esperando um ônibus no ponto da Av. Rebouças, quando de repente um automóvel desgovernado veio em minha direção. Lembro-me que não tive reação nenhuma, meus músculos se enrijeceram para esperar a colisão daquele monstro de ferro e aço contra meu frágil corpo de carne e ossos.

Meu Deus! Agora entendo! Eu Morri! EU MORRI!!

Acorde moço! Você não deveria estar tendo pesadelos! Sua memória deveria ter sido apagada quando veio pra cá. Desde que chegou aqui, você todos os dias tem sonhos com suas lembranças de uma vida passada. Aliás, Você não deveria nem dormir aqui...você deve aproveitar a Glória que resplandece do trono branco.

Você já me disse isso Senhor, mas alguma coisa saiu errada no meu caso. Já estou por aqui a quase 10.000 anos, e essas lembranças me atormentam.

Eu me lembro da minha vida lá embaixo, dos meus filhos, minha esposa, meus amigos...e sinto falta de tudo isso. Ainda ontem mesmo, eu passei por um rapaz que tenho certeza, era meu filho, falei com ele mas nem me respondeu. Meu coração bate desesperado quando vejo passar por mim minha esposa, e ela nem sabe quem sou.

Todos por aqui vivem em estado de Êxtase todo o tempo, parecem até zumbis. Ninguém por aqui chora. Ah como era bom chorar! Sentir aquelas lágrimas quentes correndo pelo meu rosto, sofrendo de amor ou até mesmo chorando de alegria por pegar no colo pela primeira vez minha filha ao nascer.

Este lugar não é bem aquilo que me diziam na igreja. Tudo se torna chato com o passar do tempo, e bota tempo nisso. E quando penso que será pela eternidade, não tenho mais vontade de fazer nada.

Meu filho, este é o céu! Todos seus irmãos estão aqui. O fato de eles não o reconhecerem, é por que eles receberam um novo corpo, e novas mentes. Tudo aqui gira em torno de meu Pai, Este era o grande plano Dele desde a fundação do mundo.

Aqui não se casa, aqui não existe pensamentos maus, pensamentos sensuais, desejos carnais e todos os outros desejos e sensações que vocês sentiam lá embaixo. Tem que ser deste jeito, pois é a vontade de meu Pai.


Já tentamos concertar o erro que cometemos no seu caso, mas de alguma forma, não conseguimos deletar suas lembranças. Elas fazem parte de seu Ser. Talvez seja porque você as viveu com muita intensidade, você levou ao pé da letra quando eu disse: “Vim para que tenham vida, e vida com abundância“.

Mas Senhor, o grande segredo da vida, é saber que um dia ela irá se acabar, por isso vivi de forma tão intensa. Eu vivia a cada dia como se fosse ser o ultimo. Eu aproveitava os detalhes da natureza, pra não deixar passar nada despercebido.

Quantas vezes eu não ficava olhando as borboletas a voar, sabendo eu que suas vidas seriam tão efêmeras? Eram flores com asas, que enfeitavam nosso planeta. Quantas vezes eu saboreei um pedaço de picanha, mastigando-o bem devagar, só para sentir o gosto da carne, descendo até meu estômago?

E quando eu saía correndo do trabalho, chegava em casa depois de ficar em pé quase 3 horas num ônibus lotado, só pra poder brincar um pouco mais com meus filhos. E eu só fazia isso, por que sabia que o tempo passava rápido, logo mais eles cresceriam, e deixariam as brincadeiras.

Mas aqui não! Aqui tudo perdeu o sabor, o prazer, pois sei que o tempo aqui não tem a menor importância. Para os outros que estão aqui, tanto faz, porque eles não tem memória, mas pra mim, que me lembro de tudo, é horrível!

Sem dizer, que nos é tirado aqui um dos maiores prazeres que nós tínhamos lá na “vida”, o sexo, melhor dizendo, o amor.

Quando fazíamos amor, era algo fantástico. Esquecíamos todos os problemas e nos entregávamos ao prazer. E o melhor disso tudo, é que quando chegávamos ao clímax, não durava mais que 15 segundos, mas eram os melhores 15 segundos do dia.

Filho, eu entendo tudo que você está me dizendo, e até já falei com meu Pai. Ele me disse que só existe uma maneira de corrigir este problema, mas não sei se você vai aceitar as condições. Quer que eu lhe fale, ou prefere, ignorar tudo e viver a aternidade aqui? Veja bem, estou falando de vida “ETERNA”!

Faço qualquer coisa pra sentir de novo as sensações que outrora senti!

Pois bem! Depois não vá se arrepender.

A proposta é a seguinte:


Ele tem o poder de lhe mandar de volta, exatamente para o mesmo momento em que você foi tirado de lá. Você viverá mais 50 anos, e depois morrerá. Não terá direito à vida eterna. Será aniquilado e sua alma e espírito voltarão para meu pai.


Ainda quer voltar pra vida filho?

Senhor meu, ainda que eu só tivesse mais dois dias lá na Terra, eu, mesmo assim aceitaria esta proposta.

Pois valerá muito mais à pena, olhar nos olhos de pessoas que conhecia, e dizer-lhes que as amo, e que nada no universo é mais prazeroso do que estar ao lado de quem amamos. Quero dizer-lhes também, que vivam com alegria a vida, pois ela passa, e depois o que vem é o vazio eterno.

Prefiro não viver eternamente, a viver e não poder reconhecer as pessoas que viveram comigo. Não quero passar por amigos como Marcio, Carlos, Gresder, Leví, Eduardo, Wagner, Jair e tantos outros que conviveram comigo, e não lembrar-me deles...isso seria triste.

Quero voltar, e certamente, viverei ainda mais intensamente esta nova vida.

Que assim seja então meu filho!



Que Deus nos permita lembrar, e nunca esquecer que fomos humanos, que amamos,que sofremos, que choramos...mas acima de tudo...que vivemos.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Alcançado pela graça...a reabilitação de um traidor.



Por: Edson Moura


O texto que segue, nada mais é do que uma reflexão acerca das crenças que nos passaram através dos séculos. Minha consciência resiste em acreditar que Deus seria tão perverso ao ponto de usar uma vida inocente para realizar seus projetos

Muitos até poderão achar falhas no que escrevo, mas este talvez seja o intuito do artigo. Estou aberto a discussões, desde que elas venham a nos aproximar mais e mais uns dos outros.

O nome que ecoou pelos séculos:

Ninguém quer levar o nome de Judas Iscariotes.

Eu particularmente, até hoje, não conheço uma só pessoa com este nome, (alguém aí da blogosfera conhece?)

E por que?

Porque este nome foi manchado com o estigma da traição. Diferente dos demais apóstolos, que muitos querem imitar. Eu penso que, em vez de recriminação, o discípulo traidor é digno de pena ou misericórdia, até porque nós, embora sem levarmos o nome dele, temos caído, quem sabe, no mesmo erro.

Quem era Judas o Iscariotes?

Ele fora chamado pelo Mestre, igual aos demais discípulos.

Acredito que Cristo tenha visto nele um jovem inteligente, entusiasta, dinâmico, em quem se escondiam tremendas possibilidades para o bem.

De outro modo, nunca haveria sido chamado. Acompanhou o Mestre como os demais, recebeu insultos com o Mestre, sofreu fome com Ele, se alegrou com Ele em suas vitórias, foi testemunha de toda a glória do Senhor, e nela se alegrou, ele esteve lá.

Foi premiado com um posto de honra, ou seja, era um homem de confiança do Mestre, de outra maneira nunca haveria sido o tesoureiro daquele grupo.

Foi um grande administrador, possivelmente devido a sua habilidade, os discípulos não sofreram privações maiores.

Seus companheiros nunca duvidaram dele.

Pelo menos durante um certo tempo, Judas desempenhou seu trabalho fielmente, com absoluta honra.

Segundo o pensamento popular, muita gente merece o “inferno”, mas devemos recordar que a graça de Deus é infinitamente maior que nossa debilidade.

Pedro e Judas cometeram faltas parecidas: Pedro negou Jesus três vezes, e Judas o entregou. E agora Pedro é recordado como um santo e Judas simplesmente como um traidor.

A principal diferença entre os dois não é a natureza ou gravidade de seu pecado, mas sim a vontade de aceitar a graça de Deus. Pedro chorou seus pecados, voltou a Jesus, e foi perdoado. O Evangelho descreve Judas enforcando-se desesperado.

Será que não há mais misericórdia nesse ato desesperado do “traidor arrependido”, do que na ação do pescador temperamental?

Uma coisa é certa: Judas arrependeu-se e até tentou desfazer seu erro. E a graça? Será que ela não o alcançou?

Para aqueles que ainda acreditam que Deus controla a tudo e a todos, fica a reflexão:

Judas foi só um instrumento nas mãos do grande arquiteto do universo, um mero objeto do “grande” plano de salvação da minha, e, sua pessoa caro leitor. Judas não tinha como escapar desse destino tão infeliz que era ser o traidor do filho de Deus.

No dia do “Juízo”, Judas terá fortes argumentos para se livrar das acusações. Acho até que pelo caráter contundente das provas, nem precisará de “advogado”.

Afinal de contas, ele foi o maior colaborador para o plano de salvação da humanidade. Exigirá seus direitos (como diz o R.R. Soares)

Será que foi assim?

Creio que não.

Onde há o arrependimento...há também o perdão...foi isso que Jesus tentou nos ensinar.

Que a graça de Deus esteja em todos nós!