quinta-feira, 25 de março de 2010

A Bíblia realmente quer dizer isso?

Ou será que nós de forma “covarde’, tentamos associar aquilo que fora dito a mais de 3.000 anos, aos nossos dias? É desesperador ver a “ginástica” feita hoje por alguns pregadores para aplicar em nossas vidas, preceitos Mosaicos...e totalmente fora da realidade na qual vivemos...tanto política...moral...como sócio-cultural.

Um tema teológico muito característico no livro de Deuteronômio é o da retribuição: bênçãos para a obediência, punição para o declínio moral e espiritual. A ideologia da retribuição divina pelo pecado é abalada, por incrível que pareça, nos próprios profetas. A interpretação teológica feita pelos profetas da história de Israel, em grande parte baseada no conjunto de ideias do livro de Deuteronômio, utiliza idéia de retribuição divina para explicar o sofrimento de Israel e de Judá.

“No entanto acredito que essa teoria foi criada para se adaptar aos fatos por meio do uso habilidoso da retórica. A retórica profética é criada para fazer as contingências da história humana parecerem necessidades divinas”. O propósito dos profetas não é apenas avisar o povo sobre o desastre eminente...até porque isso poderia ser determinado pela simples observação da situação política, mas eles queriam sim, fornecer uma justificativa teológica para o exílio de Israel. O dom deles era o de contar a história de tal forma que a queda de Israel pareça inevitável, tendo como pressuposto o caráter de Deus e a corrupção espiritual do povo. Não podemos nos deixar levar pela força da retórica dos escritores bíblicos.

O fato de até mesmo , e arrisco dizer...PRINCIPALMENTE leitores modernos da Bíblia estarem inclinados a falar como se isso fosse óbvio, representa um tributo à habilidade retórica dos profetas clássicos.

O que sobra do texto bíblico depois de sua desconstrução? A resposta é simples:

Sua retórica...seu poder de persuadir além dos limites do raciocínio puro...sua capacidade de provocar seus leitores para que desejem seu sucesso até mesmo além de seu merecimento. E desta forma, a geração de crentes “moderna”, está cada vez mais presa àquilo que “está escrito”....mas esquecem-se que estas mesmas profecias antigas, ainda são usadas hoje para manipular os mais indoutos, angariando assim, mais e mais ovelhas, prontas para serem “tosquiadas” (quem lê entenda), bem diferente do caráter nobre com que os antigos profetas também manipulavam as escrituras.

Devemos ler as Escrituras, não para interpretar o mundo de maneira diferente, mas sim para mudá-lo, e até mesmo mudar-nos. O nosso ponto de partida para a interpretação da bíblica deve ser a situação dos pobres e dos oprimidos. Aquilo que a Bíblia significa parece diferente quando lemos no contexto do gueto, e não da universidade. A Bíblia na perspectiva dos pobres, favorece a aplicação...e não da explanação.

Se a Bíblia representa de fato a ideologia divina, ela não precisa ser considerada opressiva ou contrária à ética. Essa confusão não é inocente, pois é o meio pelo qual os poderosos (Clero) trafegam para impor seus sistemas de valores sobre os outros. A ideologia legitima o controle da classe dominante fazendo com que suas ideias e valores pareçam naturais, justos e universais. Assim, uma maneira de desfazer a Bíblia é expor suas ideias como historicamente condicionadas pelas lutas sociopolíticas do passado. Na pratica, a distinção entre USAR e INTERPRETAR a Bíblia é com freqüência difícil de ser traçada. Ainda assim a distinção parece fundamental. Por isso nos libertamos das amarras e optamos por pensar fora da gaiola...e acreditem...estou mais feliz agora que não vejo mais as Escrituras com os olhos da emoção e sim com os olhos da razão.

Edson Moura

terça-feira, 16 de março de 2010

"Arrebatados"

Por: Edson Moura

Ensinaram-me que um dia, todos os “crentes fieis” seriam arrebatados desta Terra, para enfim, habitar nos céus com Deus. Não sei bem ao certo, quando foi que deixei de crer nesta fábula (se é que um dia acreditei de verdade). Mas hoje muitos esperam ansiosos por este grande evento....mas que mentira!


Qualquer cristão honesto, sabe que na verdade, não quer ser “arrebatado”...pelo menos não antes de viver um grande amor, de desfrutar dos lucros de seu trabalho, de andar pelo menos 10.000 km com seu carro novo...entre outras maravilhas que só se encontra aqui na Terra (vida).

“Eu não quero ser arrebatado nunca!” Pois Jesus, o filho de Deus, entregou-se para que vivêssemos aqui, uma vida com abundância. Abundância de sentimentos, intensidade nos relacionamentos, prazeres inerentes ao homem que arrisco dizer: “Não se comparam com as coisas mais surpreendentes que nos fora reservado na “vida eterna”.

Tribulação? Sempre teremos. Os apóstolos passaram pela tribulação e não foram arrebatados dela, pelo contrário, tiveram mortes horríveis.

No século XXI, era da informática, revolução científica e tecnológica, fica mais difícil ainda acreditar que haverá de fato essa tal “tribulação”. É claro, os pastores sempre irão bater nesta tecla, pois é necessário que os fieis tenham medo, vivam apreensivos, aguardando um suposto arrebatamento ou segunda vinda de Cristo.

Pânico incutido na mente dos mais tímidos...este é o meu pensamento a respeito do que se “prega” hoje sobre escatologia.

Não tenho medo do “inferno”, assim como não vivo almejando o céu. Talvez..e eu disse TALVEZ, eu seja surpreendido, mas não acho que fará muita diferença, pois creio em Deus, e o amo pelo que Ele é, ou seja, criador. Creio em Jesus pelo que ele foi...a saber...filho de Deus, totalmente esvaziado, habitando entre os homens...como HOMEM, ensinando preceitos que transcendem os milênios.

Não vejo implicações no que diz respeito a se crer assim, afinal de contas, fujo das barganhas com Deus...nego-me a ser o “escolhido do Senhor” num mundo Caótico e escasso de utopias. Não oro pedindo bênçãos, nem o sirvo para receber galardão. Deus é amor, e quando me dei conta deste amor, percebi que era livre. Me considero um escravo alforriado que ouve seu senhor dizendo: Vá! Você é livre agora!

Então eu digo: Não! Quero continuar servindo (crendo), pois sou grato pelo que me fez!

Mas em contra partida, a maioria (vejam que não estou generalizando) pensa assim: Deus diz...venha filho, sirva-me por favor. Terá tudo o que quiser! Sararei sua terra...abençoarei sua prole...nenhum mal chegará a sua tenda...serás arrebatado enquanto os outros serão deixados para sofrer! No que o fiel responde:

Tá bom Senhor...mas olha, vou cobrar tudo que me prometera hein?!

Quero comer o melhor desta terra, quero ser cabeça e não calda, afinal, sou filho do “Senhor dos exércitos” e “tudo posso naquele que me fortalece!” Não aceito nada menos que o melhor!

Lamentável!!!

Criticam a mim e ao Marcio pelo que escrevemos...e pela forma como cremos. Mas na verdade não enxergam que nosso relacionamento como Deus é:
“Sem barganhas”

terça-feira, 2 de março de 2010

"Quem criou a Trindade?"


Por: Edson Moura

Como sempre, antes de iniciar meus textos, gostaria de deixar alguns pontos bem claros aos leitores: O que está em questão aqui, não é a filiação divina de Jesus, e sim a doutrina da trindade, no meu entender, criada por homens. A Bíblia é a palavra de Deus. O veículo por meio do qual Deus se comunica e inspira os homens através de Seus ditos, Seus costumes e Seus mandamentos. Estariam os trinitarianos, portanto, incorrendo na transgressão do primeiro mandamento?

Outro ponto de suma importância, e que devo salientar, é que: Não pretendo ofender ninguém com este artigo. Apenas gosto de pensar um pouco além das paredes da religião oficial, e com isso, tentar esclarecer questões a tanto tempo “engessadas”. Para os cristãos de hoje, a “Santíssima Trindade” não pode ser derrubada pela Ciência (com suas provas e pesquisas), pela História dos Concílios (com seus registros e evidências) e muito menos com o exame racional do tema (como já tentamos fazer em alguns comentários em salas de pensamentos). Então, recorro ao único veículo ainda aceito pelos cristãos e que, pode definitivamente, trazer clareza às nossas idéias, ou seja, as Escrituras sagradas ou Bíblia. (raramente uso a Bíblia para sustentar meus argumentos, mas neste caso específico, ela é de extrema necessidade, tendo em vista que fora à partir dela, que se criou a doutrina em qual vamos declinar nossos pensamentos).

Na história da religião cristã, a Trindade é realmente formada por três pessoas: Tertuliano (o inventor) Atanásio (o defensor) e Constantino (quem decretou). Mas vou deixar os fatos históricos de lado, pois os mesmos já são de conhecimento mais do que suficiente para todos (assim espero). Existem estudos claros e transparentes com base exclusivamente nas Escrituras e os mesmos deixam nitidamente esclarecidos a inexistência de uma Trindade na Divindade.

João 17:3 – E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.(grifo meu) Muitos debates têm sido travados e todos afirmam ter base bíblica para defender suas idéias. Uns entendem que a divindade é composta por três Deuses (o Deus-Pai, o Deus-Filho e o Deus-Espírito Santo) que são autônomos, mas que agem em cooperação. Outros afirmam que há apenas um Deus que se manifesta de três formas diferentes, mas é o mesmo Ser, uma única pessoa. Há ainda quem defenda que há um só Deus composto por três pessoas divinas, co-iguais, co-eternas, co-substanciais, a “Santíssima Trindade”.

Esta última forma de crença, a mais comum, é adotada pela ICAR (Igreja Católica Apostólica Romana) e pela maioria das igrejas protestantes. Para eles, Deus não é um ser pessoal, ou seja, Deus não é uma pessoa, mas três pessoas. Não são três deuses, nem uma só pessoa, mas um Deus Composto, um Deus-Tríplice, ou Deus-Triúno. Complicado? Sim… Na interpretação dos Trinitarianos este ensino é um mistério! Por que um mistério? Como tais ensinos carecem de uma base mais sólida e contêm contradições internas de difícil conciliação, seus defensores também ensinam que há um grande mistério por trás destes fatos e que ao ser humano não é dado compreender os mistérios de Deus. (muito conveniente não acham?)

“A Santíssima Trindade é um Mistério para ser aceito, não para ser compreendido”, foi a voz de muitos sacerdotes ao longo da Idade Média e que continua ecoando nos nossos dias. Diante de tais interpretações questionáveis, muitos acabam aceitando a “doutrina do mistério” e acreditando que sua salvação não depende do pleno conhecimento de Deus, já que o mesmo é um mistério não revelado. Cristo afirmou que a vida eterna depende do conhecimento do único Deus verdadeiro e de Jesus Cristo, o enviado de Deus (conforme João 17:3). Entretanto, em nenhum lugar na Bíblia é revelado o nome do Espírito Santo, pois ele é o próprio pneuma de Deus, ou seja, um princípio espiritual que (segundo os estóicos) seria a causa da vida.

Existem várias concepções da Trindade:

Um segmento dos trinitarianos, crêem em três pessoas divinas co-iguais e co-eternas, outros admitem diferentes níveis hierárquicos e de natureza, entre Deus-Pai, Deus-Filho e Deus-Espírito Santo. Independente da crença, todos dizem ter razões bíblicas para acreditar que existem realmente três pessoas divinas e que esses três seres representariam um único Deus. Desse modo, tentam livrar-se da acusação de politeísmo.

Pois bem, tendo somente a Bíblia como critério de avaliação, consideraremos essas afirmações: Para serem co-iguais, as três diferentes pessoas da Trindade deveriam possuir idêntica autoridade e plena igualdade de poder. As Escrituras Sagradas são muito claras quanto ao fato de que Deus, o Pai, é evidentemente superior a Seu Filho.

Jesus refere-se a Deus como o “Altíssimo” na seguinte passagem: “Amai, porém, os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem esperar nenhuma paga; será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo. Pois ele é benigno até para com os ingratos e maus”. (Lucas 6:35). Isto é, aquele que ocupa a posição mais elevada, que está isolado em nível máximo, numa condição inatingível por qualquer outro ser.

Jesus afirma explicitamente nesta outra passagem que Deus é maior que ele:  “Ouvistes que eu vos disse: vou e volto para junto de vós. Se me amásseis, alegrar-vos-íeis de que eu vá para o Pai, pois o Pai é maior do que eu”. (João 14:28)

Falas de Jesus:

“Em verdade, em verdade vos digo que o servo não é maior do que seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou. (João 13:16)

“O Pai, que me enviou, esse mesmo é que tem dado testemunho de mim. Jamais tendes ouvido a sua voz, nem visto a sua forma”. (João 5:37) (Deus, que enviou Jesus seu filho) é, portanto, obviamente, maior do que ele)

Também o espírito Consolador é inferior ao Pai, uma vez que também seria enviado por Ele, segundo informa Jesus:

“Mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito”.(João 14:26)

Tanto Jesus fala, quanto o apóstolo Paulo confirma na carta aos Coríntios, que Deus, o Pai, é maior do que tudo e todos. Vejam:

“Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las das mãos de meu Pai”. (João 13:29)

“Porque todas as coisas sujeitou debaixo dos pés. E, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, certamente, "exclui" aquele que tudo lhe subordinou. Quando, porém, todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então, o próprio Filho também se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos”. (I Coríntios 15:27-28)

Por que será que Paulo não menciona o Espírito Santo no seguinte texto bíblico:

“Todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós também, por ele”. (I Coríntios 8:6) (Se o espírito Santo fosse realmente uma terceira e distinta pessoa divina, nada poderia justificar sua omissão)

Quando Paulo define o único Deus, ele omite qualquer referência ao Espírito Santo.

Quando Jesus cita, no Evangelho que Marcos escreveu aqueles que poderiam conhecer a data de sua volta, omite qualquer referência ao Espírito Santo. Vejam:

“Mas a respeito daquele dia ou da hora ninguém sabe; nem os anjos no céu, nem o Filho, senão o Pai”. (Marcos 13:32)

Jesus Cristo nunca é chamado “Deus Filho” (mas sim, filho de Deus) no relato bíblico. Tudo que fez e disse foi realizado por ordem e permissão do Pai, a quem ele (Jesus) mesmo se referia como “Meu Deus”.

Quem defende a Trindade afirma que a mesma é um mistério e de difícil compreensão, nisso eu tenho que concordar, uma vez que realmente é muito difícil entender algo que segundo a Bíblia não existe, uma vez que Jesus afirma claramente que ele e o Pai são um. E não que Ele, o Pai e o Espírito Santo são um, como afirmam os trinitarianos.

O problema não é a ausência do termo “Trindade” na Bíblia, mas a ausência do conceito de um Deus triúno.

Onde na Bíblia está claramente descrito o conceito de um Deus formado por três pessoas? (Se alguém puder me mostrar, ficarei grato)

Que Deus continue nos abençoando, com paciência para esperarmos por uma revelação final...enquanto isso nos console com Seu espírito.