quarta-feira, 23 de maio de 2012

"Lamentações de um Pai" ... (Parte II)

segunda-feira, 19 de abril de 2010


Dois anos de uma vida, dois anos e muitas estorias, dois anos de pensamentos gerados em um crânio em processo de desenvolvimento, "DOIS FILHOS" levados para longe...para muito longe de um pai que lamentará a perda por todo o restante de sua vida.


A sensação é inexplicável, a dor é soberba, o desespero confunde os pensamentos do pai, ao chegar em casa e ver que seus dois filhos não estavam. Ele procura pela casa deserta, ele reflete por alguns instantes se os filhos não estão escondidos, a fim de pregar-lhe uma peça. Mas as esperanças se dissolvem como uma colher de açúcar em um copo de água.


Ele só consegue pensar nas vezes em que se levantara de madrugada para visitar os "meninos"....Muitas vezes ele os acordava de seu repouso induzido, para acrescentar mais alguns conselhos, palavras, pensamentos....no ainda jovem espírito de seus dois garotos. Noites em claro, apenas contemplando a sua criação. Quantas e quantas vezes ele apenas ouvia o que seus filhos tinham a lhe dizer. Ele sabia que quaisquer palavras que brotassem dos lábios mudos de seus filhos...apenas seria reflexo daquilo que ele mesmo era.


Um chamava-se "OUTRO EVANGELHO", o outro...mais novo, chamava-se "FINALMENTE LIVRES"...Tinha um terceiro, mas ele ainda estava em fase embrionária, seu nome seria "PRODUTOS DO AMOR" (Este também lhe fora tirado).


As lágrimas são impossíveis de serem evitadas. Os soluços interrompem a caneta que desliza, agora sobre a face pálida de uma folha de caderno.


Uma pessoa, não se sabe quem, invadiu a casa desse pai; não se sabe ao certo em que momento de sua ausência. Penetrou pelos cômodos ainda vazios e encontrou ali, sobre uma pequena escrivaninha, o compartimento onde o pai despejava seu coração, em forma de palavras, que davam origem à frases, que produziam textos e que traziam à vida seus filhos.


Desolação seria a palavra que expressaria o sentimento no coração deste homem, que tudo que mais queria era ver seus filhos crescerem, tomarem a forma adulta e repousarem com imponência num lugar todo especial para eles. (A estante de sua biblioteca).


Um notebook roubado, dois filhos arrancados de forma bruta das mãos de um pai. Provavelmente a esta hora nenhum deles têm mais vida, a não ser as lembranças na cabeça e no coração de uma pai que sabe, que jamais conseguirá reproduzí-los.


Dois anos de uma vida...dois anos de uma estoria....dois anos anos de pensamentos gerados em um crânio em processo de desenvolvimento....deletados por um receptor de produtos furtados...em apenas trinta segundos (Tempo estimado de espera para se excluir um arquivo do Word com duzentas mil palavras!).


Assim é a vida!!!


Por Edson Moura.
(Trinta minutos depois de chegar em casa e não encontrar seu notebook com todos os seus arquivos).

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