terça-feira, 22 de março de 2011

Deus...Ilusão do homem

Por Noreda Somu Tossan

Procure entender o pensamento de um existencialista ateu. Ele tenta dizer que Deus não existe e que existe apenas um ser cuja existência precede a essência, a saber...o homem. Como diria Dostoievsk: “Se Deus não existisse tudo seria permitido”. O homem “abandonado” e “sozinho” no mundo, sem um criador no qual possa se amparar é o seu próprio criador.

O homem é o que é. Ele se constrói a partir do nada e por isso vive de angústias, de náuseas, como diria Sartre. “Tentando ser”, o homem depara-se com o desejo de ser Deus e com a angústia de jamais poder sê-lo. A idéia de Deus para o homem é de onipotência e onisciência, e o desejo de sê-lo representa ser e compreender tudo, não sofrer limites e condicionamentos, realizar-se em todos os sentidos possíveis.

Mas Deus não resolve nada. Esta é a base de todo ateísmo sartreano. Ele julgava que Deus não ajudava ou colaborava com as realizações ou problemas humanos, porque toda e qualquer experiência que o homem realiza, seja ela boa ou má, quer o leve ao prazer...à angústia ou até mesmo à náusea, é de sua inteira responsabilidade. O homem é só e, como tal, é responsável por tudo o que fizer, pois o nada de onde vem o persegue por toda a “eternidade”.

Em determinado momento da minha vida eu tive a necessidade de Deus, ele me foi dado, e eu o recebi sem compreender na verdade o que procurava. Mas este Deus por não ter raízes em meu coração, vegetou em mim durante um período de tempo...mas logo morreu.

Posso comparar “fé” com “necessidade”, pois na minha concepção, são termos similares. O homem sente a necessidade de encontrar um sentido para vida, pois, nascido sem razão ou com um propósito pré-determinado, descobre-se como angústia. Essa necessidade se reflete na crença.

Ter fé em Deus é o mesmo que alienar-se diante de sua própria liberdade. O absurdo do mundo é absoluto devido a sua constante possibilidade. Tudo é gratuito. A vida humana não possui sentido e, para superar esta faceta da existência, o homem inventa Deus. Entretanto, cabe ao homem dar sentido a sua própria vida.

Ora, acreditar que a vida humana tem um sentido dado por Deus, não passa de uma grande ilusão. A única coisa que a vida dá ao homem é a sua liberdade de poder escolher fazer dela o que bem quiser. Se Deus não existe, cabe ao homem decidir, sozinho, o melhor caminho para suas escolhas, que conseqüentemente determinarão sua vida e sua essência.

Também critico o conceito de Deus que é propagado, pois o descrevem como uma entidade inteligível, mas que não pode ser compreendida. A única prova que temos da existência de Deus é a fé, e isso eu também critico. Pelo menos uma evidência, deveria ser critério fundamental de inteligibilidade, mas como não há provas ou evidências, acredito ser impossível aceitar a existência de Deus.

O conceito de Deus criado pelo homem une todos os desejos que o homem deseja para si. O que o homem chama de Deus, nada mais é do que a sua aspiração, o seu próprio projeto supremo de vida, todas as idéias que o homem deseja para si e que sabe que jamais conquistará, porque por mais livre e capaz que seja, ele possui limites impostos pela natureza.

A religião, assim como a superstição, anula a liberdade humana. O povo, sob o comando de Deus, é servil e escravo...sem vontade e amedrontado. Para que de fato o homem possa “viver”, Deus precisa desaparecer. “Se Deus existe, o homem é um nada, mas se o homem existe...então...Deus não existe”.

Se o homem se considera livre, e pretende manter essa sua liberdade, ele deve escapar e se distanciar de Deus. O homem deve escolher a si mesmo e, conseqüentemente, amar a humanidade em oposição ao amor de Deus. Se Deus não existe não há imposição de valores, não há firmamento nem moral por fundamento. Cabe ao home “re-significar” a ética a cada instante, “re-significar” cada valor sem refugiar-se em justificativas ou desculpas, pois está sozinho no mundo junto com outros seres tão mortais quanto ele.

O homem só desenvolve uma relação consigo mesmo quando elimina Deus de sua vida, pois passa a ter uma relação direta com o mundo, e não com “algo transcendental”. É como disse Fauerbach: “Deus não cria o homem, é o homem que cria Deus”. A fé religiosa representa as próprias qualidades e aspirações do homem que, ao sentir-se fracassado, aliena-se e constrói uma divindade superior.

Edson Noreda

6 comentários:

  1. Esta é uma re-postagem para as pessoas que não tiveram a oportunidade de ler este artigo.

    Para os crentes eu peço que, se forem comentar, digam seus nomes~, não se comportem como uns maricas que comentam como anônimo por não ter colhões para debater no campo das idéias.

    Para os ateus, peço que respeitem a ingenuidade dos crentes, alguns deles realmente não sabem que estão sendo enganados.

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  2. Noreda,

    Voltei, e é a segunda vez que leio este texto. Eu simplismente não acredito na inexistência de Deus.

    Não sei porque, será que estou louco???

    Louco acho elogio, mais algo que seja bem além da concepção de loucura... Algo que eu tenho certeza que existe, e não precisa dos homilideos para existir apenas existe....

    Nem Parckison, nem Alzheimer, nem nada. Apesar que do nada existe o tudo e do tudo nada que foi feito se fez.

    Ilusão, será que vivo nela, será que tento sobreviver, será tudo isso ilusão. Não existe morte, apenas ilusão, não existe vida, apenas ilusão. A dimensão que estamos é apenas ilusão de uma dimensão que não conhecemos por vista.

    A fé, bem ela deve ser ilusoria, pra que fé, se tudo que é, na verdade não é. O tempo nunca existiu para a eternidade. Então pra que o tempo. Isso é mais uma ilusão, no mundo ilusorio.

    Alegria é ilusão, tristeza também não deixa de ser ilusão... e as ilusões... de onde vem??? So não pode ser do celebro, ou mente, porque não existe mente, é tudo ilusão.

    Vou parar por aqui, por que? bem, não sei... deve ser ilusão parar... nunca paro, sempre a movimentos mesmo a 7 palmos do chão. Mesmo assim, não existe chão... não existe palmo... Na verdade, não sei se o existir já existiu, deve ser mais uma ilusão.

    Nem sei porque comentei... será vontade do subconciente, porque não é eu que escrevo e sim meus dedos descrevem, o que não existe... letras descritas, ou bits em forma de caracteris capazes de lermos as pronuncias descritas... Fuiiii.....

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  3. E outra Edson,

    Você proibiu de que eu comentasse o seu texto no Outro Evangelho.

    Mas aqui não proibiu ainda.

    Abraços

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  4. Edsoooon, olha só eu só entrava no outro blog teu com o Marcio, agora resolvi entrar aqui, e o assunto num muda né? Deus! É porque Ele É.

    "Em determinado momento da minha vida eu tive a necessidade de Deus, ele me foi dado, e eu o recebi sem compreender na verdade o que procurava. Mas este Deus por não ter raízes em meu coração, vegetou em mim durante um período de tempo...mas logo morreu"

    O meu caso foi diferente do seu, eu disse a Deus: eu não te quero! Eu estava amando a vida livre dos pecados que os pentecostais criaram e meus pais me forçavam a não praticá-los. E na minha comprensão naquela época Deus era o responsável por todos "não pode". Então eu cheguei a odiá-Lo.

    Quando eu tive a minha experiência com Ele, foi lindo, mas continuei escrava do Deus que me impuseram, por muito tempo, até que eu mesma começei a buscá-Lo sozinha, conhecer outras pessoas que me pareciam livres em Cristo e cheguei praticamente a matar o "deus" que me atormentava e agora eu amo ao verdadeiro Deus.

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  5. so passei por que vi uma imagen engraçada
    de Michelangelo, lembre-se de que essa pintura dele e antes dele criar uma religiao com fundamentos chamada espiritas que foi destruida pelo clero(igreja catolica)

    voçe e ateu,certo
    e melhor do que ser crente ou catolico

    acredito em deus
    so nao tenho religiao

    e nao me baseio na droga dessas ladainhas religiosas parecem mais loucos
    pra mim e melhor ser budista do que ser cristao

    lembre-se os sabios acreditam em deus
    so nao acreditam nos homens

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  6. Olá meu Caro amigo anônimo que mais parece com meu mano Baltazar (filósofo da garrafa), valeu pela visita ao meu humilde reservatório de falácias.rss

    Muito bem, você diz que sábios acreditam em Deus e não nos homens. Percebo a ambigüidade na sua linguagem mas vou arriscar uma fala:

    Sou ateu cético, e durante anos esperei por esse Deus que nos ofereceram, por fim desisti deste e busquei um outro. Talvez um mais humano e menos divino. Conclusão:

    Ao observar o mal que assola o mundo, descri de todo e qualquer Deus, seja ele imagem, energia, poder, amor ou qualquer outra coisa. Apostei então todas a minhas fichas no homem, que, embora que causando estranheza, é a única força que pode salvar o mundo de si mesmo.

    Abraças!

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