segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Sou ateu sim...e daí?

                              
Por Noreda Somu Tossan

Já dizia o sábio filosofo alemão, nacionalizado suíço, de bigode engraçado e língua afiada: "Para mim o ateísmo não é nem uma conseqüência, nem mesmo um fato novo... existe comigo por instinto”. Duas , das muitas religiões que as pessoas criaram para viver melhor, têm discrepâncias que não se pode deixar passar despercebido. O Budismo não nos promete nada, mas nos assegura muita coisa, já o Cristianismo nos promete mundos e fundos, mas não cumpriu nada nesses quase dois mil anos.

 Quando deixamos de olhar a existência hoje e focamos a vida do homem no além , ou seja, no nada, acabamos por tirar da vida a sua beleza intrínseca que é justamente a incerteza do amanhã. Para se crer no além, necessário é que se cometa o suicídio intelectual, pois diante de tanta sujeira, tal atitude se torna essencial. O cristianismo está sendo, até agora a maior desgraça da humanidade, uma vez que ele nos pede (manda) desprezar o corpo e valorizar a espiritualidade, que nada mais é do que o sonho utópico de se alcançar os portões de um céu que não existe de fato, onde encontraremos um Deus que jaz num caixão lacrado e mantido sempre à distância dos curiosos.

Qual o papel da fé nesta história sórdida? Não será outro senão, forçosamente querer que se ignore tudo aquilo que é verdade, mesmo sabendo que as ilusões são por demais fantasiosas para serem aceitas como verdadeiras ou sequer plausíveis.

O que vejo hoje são homens e mulheres de vasto conhecimento, mas sem um pingo de coragem, pois como também asseverou o bigodudo, “Até os mais corajosos raramente têm a coragem para aquilo que realmente sabem.”...e preferem esconder-se atrás de uma falsa crença de que nada sabem e por isso não podem afirmar nada também. (que pena que tenho destes)

Minha crítica, assim como a dele, é contra o idealismo metafísico e suas várias categorias, além dos valores morais que estão atrelados a ele, pois, sendo originados no mundo metafísico, não podem dar diretrizes ao mundo físico. Qual a origem dos valores? Serão eles deixados em uma pedra por Deus? É claro que não! Os valores são moldados e re-moldados por homens que não se deixam levar por contos inconcebíveis, desses que só fazem com que crianças parem de urinar na cama, mas com adultos é preciso uma nova abordagem, mais...digamos...verdadeira.

É preciso começar a desmascarar  os muitos conceitos pré-formados e as ilusões que o gênero humano criou para se defender da realidade nua e crua. Quem tem coragem de olhar sem medo, para além daquilo que fôra obscurecido pelos “valores universais”...questionar as pequenas-grandes verdades, duvidar que por trás dos ideais que moldaram o caráter da civilização atual existem desejos nocivos que foram incutidos por pessoas manipuladoras e demasiado inteligentes? 

Duvidar da moral tradicional que a religião e a política nos fez o des-favor de apresentar, não é tarefa fácil, mas as máscaras precisam ser retiradas, pois elas escondem a realidade ameaçadora...nauseante... inquietante, mas ainda assim, realidade. Difícil de encará-la? Claro que é! Mas é dela que abstrairemos a visão plena do que é a vida do homem. Uma visão autêntica da vida.
"Não posso viver uma ilusão da realidade humana".

Onde estão essas máscaras? Quais são elas? 

Contemplem um espelho e verão! 

Mas tomem muito cuidado:

 Ao retirá-las estarão expondo o ser humano da forma mais verdadeira possível e pode-se desencadear uma seqüência de explosões de forças desordenadas, algumas vezes belicosas, caracterizando a incerteza e o perigo de se ser humano de verdade.

Edson Moura

2 comentários:

  1. Infelizmente nem todos têm a coragem para o niilismo positivo proposto por Nietzsche.

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  2. Então Diogho, às vezes fico irritado quando alguém, pega um poema do Nietzsche, e parte dele para dizer que o filósofo era um cristão com crises existenciais.

    Também vejo o lado positivo do niilismo, pois fazendo uso da critica, e de uma tentativa de desmascaramento das "verdades", nos é exposto a dura e chocante ausência de critérios absolutos. O niilismo nos convida para aceitarmos de braços abertos a nossa liberdade e a assumirmos a responsabilidade por nossos atos que não mais estarão patentes aos olhos "atentos" de Deus.

    Abraços!

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