terça-feira, 3 de agosto de 2010

“Filosofia na Escola...por que não?”

Por Noreda Somu Tossan

A presença da filosofia no ensino médio representa a possibilidade de se levar aos jovens estudantes um nível de reflexão intelectual que coloca em questão os valores estabelecidos pela sociedade, mudando o modo de compreender o mundo.

Educação escolar, principalmente do ensino médio, não pode ter o seu papel reduzido a mera preparação para o mercado de trabalho. Com essa atitude, não estaremos formando nem profissionais nem cidadãos. Tal concepção da educação, que valoriza apenas a formação técnica, em detrimento de uma formação mais geral, humanista, em que a História, a Geografia, a Filosofia, a Sociologia, as Artes e tantas outras disciplinas, possibilitam o desenvolvimento da subjetividade e da identidade social, Política, cultural, certamente não responde aos objetivos de um projeto educacional que visa a formação de um trabalhador competente, do cidadão consciente, crítico, criativo e participativo, como consta nos documentos oficiais.

Sendo assim, é exatamente neste ponto que entra a Filosofia como disciplina do Ensino Médio. Se a competência técnica é importante no mundo de hoje, não podemos de forma alguma menosprezar a formação humanística geral, pois senão estaremos obedecendo às exigências da razão técnica, causando prejuízos à razão vital, cujas conseqüências são extremamente negativas para a humanidade como um todo e também para a natureza.

Ora, a educação que pensamos devesse incluir, num equilíbrio curricular justo, as disciplinas de Ciências Humanas e Filosofia, certamente deve ter como obrigação a promoção de uma humanidade mais justa e solidária. Sem essa perspectiva, que futuro nos aguarda?

A Filosofia como disciplina formadora, colabora com o desenvolvimento de competências e habilidades essenciais básicas em nossos jovens. Ela se encontra diretamente ligada com a compreensão significativa e crítica do mundo e da cultura em que estamos entronizados. Ela é também umas das principais colaboradoras para uma boa formação tanto moral quanto profissional e política em nossas crianças que, dizemos sempre, “serem o futuro da nação”.

Como ensinar filosofia aos nossos jovens? O que ensinar “de” Filosofia à eles? Por que e para que devemos ensinar Filosofia? Que tipo de homens queremos formar, a partir dos ensinamentos filosóficos?

É preciso elaborar um plano de ensino, e isso é claro, pois a Filosofia pode confundir até mesmo os adultos que já têm uma certa experiência de vida, quanto mais, aos jovens que ainda estão em formação de caráter. Devemos ter em evidência que o trabalho filosófico em nível de Ensino Médio, deve ser primeiramente o desenvolvimento, pelo aluno, do estilo reflexivo (pensamento crítico) e de sua posterior autonomia de pensamento.

Existe também a necessidade de se fazer um minucioso recorte na tradição filosófica, ou uma seleção estratégica de conteúdos, que poderia muito bem ser desenvolvida pelo professor. O estilo reflexivo não pode ser ensinado formalmente pelo professor como uma técnica, e isso já sabemos, pois filosofar não se reduz a um a ginástica intelectual. A intenção deve ser de que o jovem adquira o hábito de refletir com rigor, ou seja, método, Radicalidade (fundamento) e globalidade, indo até às raízes das questões. A intenção é que o jovem aprenda a pensar com a própria cabeça, mas de forma filosófica, ou seja, de forma crítica, adquirindo assim um estilo reflexivo.

Noreda Somu Tossan

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