terça-feira, 20 de julho de 2010

"Não esqueça de lembrar-se que devemos esquecer"

Por Noreda Somu Tossan

Hoje me lembrei dos velhos tempos em que eu acreditava que não podia esquecer dos momentos que marcaram minha vida. Lendo alguns artigos em jornais, deparei-me com uma história muito interessante, e que tem muito a contribuir com minha forma de pensar hoje. O texto que lerão à seguir, é para fazê-los refletir sobre os desejos que muitas vezes temos, mas que não pensamos nos desdobramentos que acarretarão. E não “esqueçam”...de ler até o final.

Existem vária memórias, que seriam melhor esquecer, infelizmente, para uma mulher de 45 anos, chamada Jill Price, isso é um luxo com o qual ela só pode sonhar. Ela se lembra de cada dia de sua vida desde a adolescência, com extraordinário detalhe. Quando alguém menciona qualquer data desde 1980, é como se ela fosse imediatamente transportada para o passado, descrevendo onde estava, o que fazia naquele momento e até mesmo quais foram as notícias daquele dia.

Essa habilidade de Jill Price, encantou seus familiares e amigos por vários anos, mas ela tem pago um preço muito alto por ela. Ela está presa num ciclo de lembranças que, como ela mesma afirma, “parece um filme que está sempre passando, e nunca para”. Mesmo quando ela quer...não consegue esquecer.

Uma vez, sondaram o cérebro de Jill em busca de pistas sobre sua “dádiva” e um fato ficou evidente: Uma memória sadia, não tem a ver somente com a retenção daquilo que é importante. Muito mais importante é ser capaz de esquecer o que não tem tanta importância.

O problema de Jill, ganhou o nome síndrome hipertimésica (do Grego timesis....lembrar). A raiz dessa síndrome poderia se manifestar em qualquer um dos estágios de fixação de lembranças. Em suma, uma memória é formada em três estágios:

Primeiramente ela é codificada pelo cérebro. Depois ela é armazenada e, mais tarde, recuperada. É possível que Jill e outros que sofram deste “mal”, realizem essas três tarefas com eficiência muito maior que nós normais. Mas também existe outra possibilidade, talvez até mais intrigante: A magnífica memória de Jill Price poderia também ser explicada por uma falha das estratégias usadas pelo nosso cérebro para, “nos ajudar a esquecer as coisas que não precisamos lembrar”.

O nosso cérebro tem uma capacidade muito grande de armazenar lembranças. E segundo especialistas, não existe limites para a quantidade de memórias de longo prazo que podemos armazenar. Surge então uma dúvida:

Por que, então, não nos lembramos de tudo?

Se nós nos lembrássemos de tudo, ou seja, se nosso cérebro deixasse à disposição todos os dados continuamente, isso culminaria numa confusão mental. Por isso ao longo da evolução do homem, nosso cérebro desenvolveu a estratégia para eliminar as informações irrelevantes ou ultrapassadas, chamado de “esquecimento eficiente”, e é crucial para uma memória funcional.

Portanto, quando nos esquecemos de algo importante, significa simplesmente que o sistema de “poda” está trabalhando um pouco bem demais. Então, da próxima vez que se esquecer de algo, não fique desesperado, pois você não imagina como deve ser horrível se nos lembrássemos de tudo.

Dizem que Deus não se esquece nunca. "Pode uma mulher esquecer-se de seu filho de peito, de maneira que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse, eu, todavia, não me esquecerei
de ti" (Isaías 49:15).

Um jovem pregador levantou-se para dar uma palavra em um jantar da igreja, organizado em sua homenagem. Após saudar com muita cortesia a todos os presentes, ele parou por um instante, demonstrando estar confuso. Com toda a movimentação do evento, ele acabou esquecendo o que havia preparado para falar! Depois de um momento de um embaraçoso silêncio, ele se recompôs e disse:

"Irmãos e irmãs, há alguns minutos atrás só o Senhor e eu sabíamos o que eu iria falar. Agora apenas o Senhor sabe!"

Já li em algum lugar que até Deus, em determinadas situações, se esquece de algumas coisas.

“E NÃO ME LEMBRAREI MAIS DOS SEUS PECADOS ”. – (Jeremias capítulo 31 versículo 34).

Edson Moura

3 comentários:

  1. Amorzinho,

    Parabéns pelo post!

    Como já dizia Machado de Assis:

    "Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito".

    Beijinhos meu lindo.

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  2. Óbrigado Edu pelo comentário. Pois é, isso acontece de verdade, e a pessoa Jill Price existe...está viva e mora nos EUA. Existem outras pessoas que sofrem da mesma síndrome e têm que viver um eterno presente...mesmo que esse presente não passe de um passado totalmente inesquecível.

    Abraços!

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  3. Leví meu mestre Bronzeado. É uma pena que só tenha visto este seu comentário agora. Mas não se preocupe, vou respondê-lo assim que houver um tempinho. Como já deve saber, voltei a estudar e quase não tenho mais oportunidade para escrever, pois tenho que levantar às 04:30 da madrugada e só chego do colégio às 23:30.

    Amanhã é bem possível que eu saia mais cedo da escola...que é municipal e terá uma reunião de conselho, então responderei seu comentário. Os assuntos que tocaste são muito interessantes e sei que me ajudará a entender melhor essa máquina complexa que é a mente humana.

    Abraços meu mestre!

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