O homem andava por uma Terra ainda desabitada
O homem conhecia o caminho como a palma da sua mão
Podia sentir a terra ferindo seus pés
Sempre podia sentar-se ao lado do rio que o refrescava
As coisas simples para onde será que foram?
O homem está ficando velho e precisa de algo em que confiar
Me pergunto quando é que ele vai permitir que alguém o aconselhe
O Homem agora cansado precisa de
algum lugar para recomeçar
Caminhando encontrei por acaso uma árvore morta
Senti de alguma forma a dor daquela vida
Essa Terra que no passado foi um lugar que amávamos
É agora um lugar que apenas existe em nossos sonhos
Por que tudo é tão complicado e frio hoje em dia?
Por que me deixei convencer pelos loucos
A morte teria sido uma benção cem anos atrás
Eu estou entediado e não quero um lugar para recomeçar
Minutos agora são eternidades que nos consome
As poucas pessoas que ainda encontro, são pura nostalgia
De bom grado aceitaria o final de tudo
Então por que nós não conseguimos partir?
A resposta é tão óbvia que até me envergonho
O Homem nunca quer ir para um lugar que desconhece
A fome foi um grande problema
Mas nem de longe se comparou à sede que afligiu a humanidade
Tantas novas doenças, tantos novos assassinatos
A praga já assumira o controle do mundo
E nunca se morreu tanto como naqueles dias
Estou ficando cansado e preciso tanto de um rio para me refrescar
Não havia mais espaço para todos nós
Tínhamos que tomar uma grande decisão
Posto de lado a moral e a ética, sobrou apenas razão
É preciso combater a praga! Era o que anunciavam os outdoors
Por fim, a decisão não foi da maioria, como era de se esperar
Vinte bilhões de mortos foi um problema
Mas nem de longe se comparou aos insetos que nos assolaram
Vinte anos vivendo nas sombras de uma Terra em decomposição
E agora que saio às ruas, se é que posso chamar assim
Desejo apenas um lugar para caminhar, e se possível, um rio
Poema para ser inserido no
livro. Conta a saga de um sobrevivente da grande tribulação, que agora
contempla a Terra, completamente vazia e sem forma. Edson Moura
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