tag:blogger.com,1999:blog-8517750853475911718.post6597389024470441699..comments2023-09-17T12:24:05.674-03:00Comments on Stopim! Porque uma hora a coisa explode: Que bosta que sou (Cinismo)Portal Stopimhttp://www.blogger.com/profile/04777965950236381432noreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-8517750853475911718.post-40822109790203527392012-08-23T00:06:10.021-03:002012-08-23T00:06:10.021-03:00Diógenes, o cínico e o imperador:
Diógenes, o cín...Diógenes, o cínico e o imperador:<br /><br />Diógenes, o cínico, sentado ao chão, tomava sol recostado às rochas. Fazia frio. Um cão repousava deitado e outro coçava as pulgas; o terceiro lambia as feridas. Um latido seco rompeu a quietude daquela manhã. Uma enorme sombra o cobriu de repente. Abriu os olhos e viu um sujeito montado, de sandálias trançadas e reluzente elmo. A voz, imperativa e grave, ecoou nas rochas ao lado:<br /><br /> – é você o Diógenes de que falam? O sábio que habita um barril? <br /><br />O cínico entreabriu os olhos, preguiçoso e indolente e meneou a cabeça. A voz que vinha da sombra então continuou: <br /><br />– sabes quem sou? <br /><br />Nada em resposta, insistiu: <br /><br />– sou Alexandre, o Magno. Venho de Atenas... por lá ouvi dizer que um sábio da estatura de Sócrates vivia em triste miséria, procurando justos à luz do dia, derramando-se em vinho barato, habitando um velho barril junto aos cães. <br /><br />Diógenes olhava desconfiado e esboçou um bocejo, mas conteve-se pensando nas amarras da educação que tal figura inoportuna poderia lhe exigir, depois caiu em si, percebeu que sua situação não exigia amarra alguma e bocejou tão longamente que seus olhos lacrimejaram. Alexandre, incomodado pela falta de deferência daquele velho maltrapilho, passou logo ao assunto: <br /><br />– venho para tirar-lhe de tal miséria, diga-me o que queres e lhe será concedido. <br /><br />Silêncio. Os segundos se passavam, Diógenes pensativo organizava as idéias antes de dizer: <br /><br />– qualquer coisa? <br /><br />O imperador impaciente respondeu: <br /><br />– ora, qualquer coisa! Diga-me o que desejas e lhe será concedido. <br /><br />Sem pressa, Diógenes recostou-se novamente às rochas e, com um movimento brusco com a mão esquerda, disse: <br /><br />– então movas este cavalo que estás a fazer sombra em meu Sol!<br /><br />Alexandre, o Grande, o olhou surpreso. Nada disse. Mirou o horizonte, sentiu a brisa que vinha do mar bater-lhe o rosto, fez sinal à sua comitiva e seguiu conquistando o mundo. Morreu alguns anos depois, afundado em sua megalomania. Diógenes sobreviveu muito mais, um dia de cada vez, cínico e sabiamente desapegado a qualquer coisa.Edson Mourahttps://www.blogger.com/profile/13694379594412573487noreply@blogger.com