sexta-feira, 24 de junho de 2011

"LIberdade de Expressão"


Dois mil e onze, mais uma vez retornando, Edson Moura, tentando fazer uso de sua liberdade de expressão, um dos pouquíssimos direitos que ainda temos neste país. Vocês vão adentrar no mundo da informação, auto-conhecimento, denuncia, crítica e até diversão. Este é o "Outro Evangelho"...sejam todos bem vindos.

À Todos aqueles que pensam, e que ousam ultrapassar os limites da boa política de vizinhança, não mantendo oculto aquilo que gostariam de gritar para o mundo inteiro ouvir...”Se o mundo inteiro pudesse me ouvir”. Nosso espaço é reduzido, é resumido, não sei o motivo. Por que será que fazem isso? Muitos de nós nem sabemos que somos tangidos como gado, somos vitimas de um ideal comum, ou ideologia de massa, sei lá.

Minhas palavras só chegam até uma minoria, que covardia, não querem que mostremos a verdade do dia-a-dia. Outros falam que meus escritos são muito agressivos e que muito do que escrevo não deveria ser dito. Mas, se o mundo inteiro pudesse me ouvir, eu gritaria cada vez mais alto para todo mundo refletir. A informação não pode ficar escondida e o conhecimento compartilhado é fonte de vida.

O sentido que dei à minha vida está atrelado ao exercício do meu direito de falar, seja através de um simples texto, ou de uma poesia, ou uma crônica engraçada, qualquer coisa é válida, quando se deseja repartir o que se sabe. Estou exercendo o meu direito de dizer o que penso. Às vezes escrevo uma mensagem de coragem e força pra viver, e viver com intensidade, contemplar o mundo, jogar na terra uma semente de união a cada segundo. Juntar as minhas idéias com as suas e revelar o que existe de belo na “filosofia das ruas”. Saibam que foi nas ruas que aprendi que sempre temos algo a dizer, e você está convidado para fazer parte desta “milícia” enquanto lê. O momento não pode ser outro, o lugar é aqui..então não perca tempo e grite, grite para o mundo inteiro te ouvir.

Grite para nossa presidente amparar essa gente, pois o Brasil ainda passa fome e o nordeste ainda tem sede. Grite para as pessoas serem mais humanas, que deixem o orgulho de lado e ajudem que está precisando. Aos pensadores, não pensem só com a cabeça, mas também com o coração, estendam as suas mãos, ajudem a quem está precisando, pois um homem que se esquece que é um ser humano, precisam de exemplos, pessoas que estão lutando e passam horas e mais horas juntando semelhante com semelhante, aprendendo e ensinando.

Gritar para Deus que gostaria de vê-lo ajudando, mandá-lo descer do céu e ver o povo que está chorando. Dizer que Betinho, e não Jesus, é que foi um grande homem, este último fundou a campanha da cidadania contra a fome. Dizer que nem só da palavra que sai da boca de Deus viverá o homem, e que um pedaço de pão, mesmo que amassado pelo “diabo”, também mata a fome. “Aonde comem um, dois também comem".

Direito de dizer que nunca mais quero ver a guerra, e desejar que as armas é que vão para debaixo da terra. Dizer que seria tão bom se a fome fosse tão gostosa quanto a sensação que se tem depois de comer. Mas infelizmente isso não é verdade, e a desgraça é encontrada em qualquer canto da cidade. Precisamos nos unir, temos que nos ajudar, e gritar cada vez mais alto para que todos possam escutar, e descobrir que só o ser humano consciente do poder de suas palavras pode fazer isto mudar. Filosofia de rua não irá parar por aqui...enquanto o mundo inteiro não puder me ouvir.

Digam que aprendemos a não sermos mais enganados. Digam que somente os covardes é que vêem tudo e permanecem calados. Falem que aprendemos a respeitar e ser respeitados. Gritem que a voz do coração pode fazer o mundo inteiro te ouvir, e que temos muito pra contar...repassar o que já vivi. Gritem que há muito tempo a Bíblia deixou de ser o melhor livro do mundo, e que agora já podemos e devemos duvidar de seu conteúdo. Digam que o que importa é a qualidade e não a quantidade de nossas ações, de nossas intenções e de nossa bondade. Espero que seus sonhos sejam iguais aos meus e que a realidade da vida nos afaste mais e mais de Deus, não duvidando nunca de que estamos certos e entendendo que esse Deus bondoso...não está por perto.

Escrevo neste pequeno espaço chamado “Outro Evangelho”, e tenho plena consciência de que posso não obter um bom resultado. Também não sei se estas linhas chegarão aonde eu quero, mas tenho a certeza de que chegarão em algum lugar, então terá surtido algum efeito.

Edson Moura


Texto baseado em "Rap de Filosofia de Rua" chamado "Se o mundo inteiro me pudesse ouvir", rap este que já passa dos 20 anos de sua criação e que permeou minha infância e juventude dando-me diretrizes para o meu desenvolvimento tanto intelectual quanto comportamental.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

“Meu enterro”

Por Noreda Somu Tossan

Ainda jovem, quarenta e dois anos e alguns dias, ninguém nunca imagina, ninguém nunca está pronto para morrer...eu também não estava. Um dia ensolarado, pássaros cantando por todos os lados, pessoas sorrindo , indo e vindo num frenesi intermitente. Algo estava errado, ou certo, não sei bem, mas parecia-me que tudo estava passando em câmera lenta naquele dia. Poucas vezes reparei tanto nos detalhes insignificantes da vida. Era como se em algum lugar do meu ser, eu já soubesse o que estaria por vir.

Aquele ônibus desgovernado; aquele barulho assustador de pessoas gritando; o som de aço chocando-se com aço; sangue escorrendo dos corpos inertes, dilacerados; cheiro de morte, era o que eu podia sentir. Meu corpo esmagado entre uma das pilastras vermelhas da parada de ônibus Rebouças; tive a impressão de ouvir uma mulher gritar desesperada: “Ele está respirando, ele está vivo!”. Ao tempo em que tudo ia escurecendo, e eu tentava sugar o ar para dentro dos pulmões, um gosto de sangue me fez chorar. Um choro silencioso, um choro contido, apenas meu, então deixei-me levar pelo sono que se abatera e adormeci tranqüilo.

Caralho! O que eu estou fazendo aqui deitado? E essas flores? Essas pessoas, quem são? Vejo a chama de uma vela balançar suavemente de um lado para outro, então entendo tudo... estou morto. Choro novamente, desta vez grito, grito alto, mas ninguém me ouve, eles nem sabem que estou ali, a não ser pelo meu corpo estendido em meio às rosas murchas que alguém teve o péssimo gosto de escolher. Eu sempre disse que não queria rosas, não queria enterro, não queria lágrimas, nem despedidas tristes. Não queria que pessoas se lembrassem de mim assim, sem vida, tipo...morto.

Amigos, parentes, companheiros de trabalho, todos compareceram à despedida solene. Olho suas caras, vejo cada um de seus rostos e sinto vontade de chorar novamente, mas desta vez de tanto rir, pois noto a tristeza estampada em suas faces. É engraçado vê-los assim, quietos, de cabeças baixa, tentando falar palavras agradáveis para minha mãe que não se conforma com minha partida. Outros abraçam meus filhos e tentam dizer para eles que eu fui um bom homem, honesto, amigo de todos (quanta mentira). Vou passeando pela sala de velório e surpreendo-me com a nitidez com que ouço seus lábios sussurrarem frases de efeito, palavras de consolo, aforismos que eu mesmo desenvolvi, agora estão nas bocas de meus amigos.

Detenho-me em um rosto em particular, o Marcio. Parece-me que ele está à base de calmantes, mal pode se manter de pé. Chora como criança, leio seus pensamentos e ouço dizer: “Porque tão cedo meu amigo?”. Mesmo sabendo que ele não pode me ouvir, respondo: “Nunca é cedo pra se morrer Marcio!”. Sempre conversamos sobre a morte, e achei que ele saberia lidar com ela bem mais fácil do que eu. Embora ele sempre me dissesse que a morte só fere quem fica e nunca quem vai. Recordei-me de Epicuro de Samos: “A morte não nos concerne, pois quando somos ela não é, e quando ela é, nós já não somos”. (quanta besteira, olha eu aqui ainda, e ela já veio).

Outros amigos estão por ali, sinto saudades de nossas conversas, de nossos debates filosóficos, de nossas piadas. O Carlos está falando algo ao seu filho, dizendo que o Tio Edson foi para o céu. Fico irritado, esbravejo com ele, não se pode fazer isso, trair a confiança de um amigo dizendo que ele está num lugar que ele sempre acreditou não existir. Gilson, Ricardo, Helder, Baltazar, todos estão mudos. Acho que não sabem bem o que dizer, e preferem ficar calados, nem seus pensamentos dizem palavra alguma, é como se não pensassem.

Meus filhos são fortes, não vejo lágrimas em seus olhos, não vejo lamentos em suas lembranças, vez ou outra os mais novos são tomados por uma grande saudade e sentem vontade de agarrar meu cadáver e colocá-lo de pé, mas são homenzinhos de fibra e descartam a possibilidade de um milagre nessas horas. Eles sabem que a morte é um processo orgânico e que é preciso muito mais do que uma vontade desesperada para fazer uma pessoa voltar do mundo dos mortos.

É chegada a hora de descer-me ao túmulo. As emoções afloram e até os mais fortes não conseguem impedir que uma lágrima corra pela face. Dois homens descem meu caixão até o fundo frio de uma cova escura, e nesse momento uma sensação de claustrofobia invade meu pensamento. Quero pedir que não me deixem ali sozinho, minha vóz já não sai, como naqueles sonhos que não se pode gritar, é assim que estou agora. Lentamente o sonho perde suas imagens e já não consigo entender o que é real em toda essa viagem que estou fazendo. Uma paz se apossa de mim e um prazer indescritível assume o lugar do desespero, então fecho meus olhos e adormeço ao som dos punhados de terra que são atirados pelas pessoas que vão se afastando para bem longe daquele cemitério, desejando nunca estarem no meu lugar.



Edson Moura







segunda-feira, 13 de junho de 2011

“Quem somos Eu?”


Todas as mentes humanas já nascem com uma incrível capacidade de dominar a “magia” e o encanto das palavras e também com a capacidade de autoenganar-se, re-significando os traços da psique humana. Muitas vezes, tentando esconder a verdade de nós mesmos, buscamos encontrar a verdade sobre nós mesmos, e acabamos por precisarmos desenvolver uma mente multifacetária, e por que não dizer... “inconsciente”.

Se formos tomar como base as teorias de Jung e Freud para fazermos referências a cada anseio, ideal, método, desejo, pulsão, fraude, impulso, conflito, arquétipo e medo, cairemos sempre no inconsciente. Quando não conseguimos dar conta do que é real, usando a razão, ou seja, o que está no nível consciente, revelamos uma personalidade múltipla e dispersa em uma total falta de significado, um vazio que clama por ser preenchido, mesmo que seja por algo não palpável, irreal, insubstancioso, não importa, qualquer coisa é melhor do que se sentir como um barco à deriva em um oceano de incertezas.

Atualmente, a hipocrisia, maldade, mentira, perversidade e a violência permeiam a sociedade, vemos aqui e ali embates e debates de “especialistas” que tentam desvendar este fenômeno sócio-cultural que é muitas vezes feito em salas confortáveis e climatizadas, sentados em suas cadeiras de couro de respaudar. Os temas são os mais variados:

“Como resolver o problema da agressividade?”

“Como controlar os altos índices de criminalidade?”

“Como podemos extirpar de vez a crueldade de nosso meio?”

Não acredito que seja possível! O homem é vítima de seu próprio desenvolvimento e as circunstâncias o obrigaram a ser agressivo, talvez no intuito de se aniquilar ou se autodestruir. Como conseqüência, ele agride, dilacera e mutila o outro, que acreditem, causa uma multiplicidade de prazeres que o levam a cometer mais e mais agressões.

Numa era tão competitiva como esta em que nos encontramos, é muito comum vermos homens e mulheres se digladiando por uma vaga de emprego, um romance, um lugar ao sol. Ele busca ser notado, almeja ser o centro das atenções, e para isso, ela segue à risca a sugestão de Maquiavel, “os fins justificam os meios”. Não precisamos sair de casa para ver que esta é uma verdade, basta observar como tratamos às vezes nossos filhos. “Porque você não faz como seu irmão que é super aplicado na escola? Ela vai ganhar uma bicicleta nova e você não, portanto, supere ele.”

Só o tempo nos mostrará se o homem superará esta fase, e se o fizer, como será o homem do futuro. Mas uma coisa é certa: Ninguém é de fato o que quer ser. Como disse lá encima, criamos outras personalidades que vez ou outra consegue suplantar o verdadeiro eu. O homem deveria parar de se perguntar “quem somos?” e preocupar-se mais com o “o que eu quero ser agora?”, procurar uma personalidade em sua “caixa de máscaras” e usá-la até que ele mesmo acredite que aquela faceta é sua verdadeira personalidade.

Ouso dizer que a personalidade do homem é marcada pela multiplicidade de personalidades que ele consegue desenvolver ao longo de sua vida. Qualquer um pode ser o que quiser. É só encontrar algo que se encaixe no meio em que está “convivendo”. Acredito que, desde que a pessoa tenha consciência de que ela “está alguém” e não “é alguém”, ela poderá trafegar por qualquer caminho que desejar, e quem sabe terá uma boa estadia no meio dos viventes, sem agredir ao próximo com suas excentricidades, suas maldades ocultas, seus desejos pervertidos, ou seja, ser “perfeitamente normal”, tendo consciência também de que “em terra de loucos, o único normal será considerado o doente da cidade”.

Edson Moura

domingo, 5 de junho de 2011

“Se Deus existe realmente, então tudo é permitido”


Desde muito tempo acredita-se que o homem necessita de algo que delimite suas pulsões perversas, talvez seja por isso que algum sábio do passado resolveu criar um Deus que punisse o mal praticado. Já escreveram que se Deus não existe, e a alma é mortal, logo, tudo nos é permitido, mas eu discordo desta afirmação e explico-me:

No passado Deus era vingativo, intolerante com a impiedade, egocêntrico, todo poderoso e protetor dos seus filhos. Mas como tudo evolui, não poderia ser diferente com Ele. Atualmente Deus veste uma nova roupagem. Hoje está muito mais fácil ser Deus, afinal, se algo de muito bom acontece, logo agradecemos a Deus, mas, se uma tragédia ocorre, culparemos ao Diabo ou, na melhor das hipóteses, ao próprio homem.

Gravidade - Tess Gerritsen

Sinopse: A pesquisadora Emma Watson está prestes a realizar a missão mais importante de sua vida: estudar o comportamento da vida terrestre no espaço. Escolhida pela Nasa para conduzir uma série de experimentos sobre o comportamento de organismos unicelulares, a Dra. Watson logo descobre a natureza aterrorizante desses organismos e precisa correr contra o tempo para conter uma doença mortal que pode ameaçar a Terra.

Tess Gerritsen se aventura no campo do desconhecido, e o resultado é este suspense que mistura, de forma brilhante, ficção científica e medicina.

Fatos: Tess Gerritsen é uma autora norte-americana de sucesso com seus thrillers médicos. Aclamada por seus fãs como uma versão feminina de Robin Cook, seus romances chegaram às principais listas de mais vendidos nos EUA. De ascendência chinesa, Tess Gerritsen cresceu nos EUA tendo talvez herdado do avô, um conhecido poeta, o talento para a escrita. Como sempre a fascinou a história e a ciência, os seus livros partem de uma cuidada pesquisa e rigor científico.

Mentiras e Verdades


Perdi a conta de quantas vezes disse que amava, quando na verdade, o vazio “preenchia” meu ser tal qual um buraco negro. Também já não me lembro de todas as vezes que os tratei com cordialidade e polidez, ao tempo em que a vontade de mandá-los às favas corroia minhas entranhas, latejando como uma ferida infeccionada. Enfim, podemos dizer que: Se nunca formos descobertos numa mentira, seria o mesmo que dizer a verdade. O que devemos evitar sempre que possível é tentar mascarar um erro com uma mentira, pois fazendo isso, sempre acabaremos por precisar de uma segunda...e uma terceira.

Minhas mentiras nunca tiveram a intenção de fazer mal a ninguém, pelo contrário, elas me ajudaram a conviver com pessoas indesejáveis. “Conviver”, esta é a palavra correta a ser usada. Santas mentiras se assim me permitem chamá-las. Desde muito jovem fui condicionado a praticar a “política da boa vizinhança”. Li em algum lugar, não sei onde, que algumas verdades são tão preciosas que devem ser protegidas com as maiores mentiras, e com passar do tempo constatei que esta é uma verdade. Sabemos que uma verdade, quando é dita com má intenção, facilmente derrota todas as mentiras que possamos inventar para defender, proteger ou agradar alguém.

Mentindo poupei algumas pessoas de sofrer, omitindo fatos evitei celeumas em diversos lugares por onde estive. Sou franco, mas não muito, até porque excesso de franqueza nos torna mal educados. Jamais diria à esposa de um amigo que sua comida é ruim, mesmo que muitas vezes seja intragável. Nunca diria a uma mulher que ela está gorda, ainda que suas curvas parecessem mais com a circunferência da Terra. Necessitamos da mentira, ela nos massageia. Estamos tão acostumados a beber de um só gole uma mentira que nos lisonjeia, enquanto tomamos gota por gota da verdade que nos amarga a alma.

Verdades já me colocaram em muitas enrascadas. Não quero que pensem que sou desonesto, pois não tem nada a ver uma coisa com a outra. Honesto sou, mas minto para salvar, se não ao outro, a mim mesmo. Houve uma época em que optei por dizer apenas a verdade. Que furada! Angariei alguns desafetos, chamaram-me de insensível, deixei de estender as mãos há muita gente. Sofri quando resolvi falar a verdade. Seria realmente cômico, se não fosse trágico. Quem diria que a verdade teria um peso inferior ao da mentira, em pleno século XXI?! Nos é muito difícil acreditar que algo que nos é contado por alguém seja verdade, quando bem sabemos que mentiríamos se estivéssemos no lugar da pessoa que nos fala.

Também não vão pensar que tudo que falo é mentira, pois isto não é verdade. Invariavelmente eu “tenho” que contar algumas verdadezinhas, e, mesmo correndo o risco de ser mal interpretado, ponho-as para fora, como lâminas afiadíssimas que cortarão as frágeis linhas de minhas amizades. Fazer o que não é? É a vida. Afinal de contas, uma mentira muito bem contada pode dar a volta ao mundo mesmo antes de a verdade ter a chance de calçar os sapatos, já dizia Winston Churchill

Por que estou abrindo meu coração neste pequeno texto, eu não sei. Talvez seja um medo “inconsciente” de morrer e não deixar claro para todos os meus amigos e parentes quem realmente é o Edson Moura. É bem possível que meu cérebro esteja me traindo e, de certa forma me obrigando a confessar meus “pecados” antes que seja muito tarde para fazê-lo. Gostaria muito que meus filhos lessem estas linhas antes da minha partida, mas também quero que eles saibam que o herói que sempre me esforcei para ser, não passa de um manipulador de situações (um manipulador do bem).

Mas falando a verdade agora...não sei se estas linhas são a mais pura expressão das verdades que vivi, ou mais uma vez, minto para fazê-los um pouco mais felizes, fazendo-os acreditar que o que escrevo seja verdade, quando verdadeiramente, conto mais algumas mentiras. Mas que droga! Chego à conclusão de que “Minto tão bem, que nem eu mesmo sei quando estou falando a verdade”.

Edson Moura e Noreda Somu Tossan

quarta-feira, 1 de junho de 2011

“Filosofia é árvore e não fruto”


Até os dias de hoje, muitos estudiosos se perguntam: Quem surgiu primeiro, a filosofia ou a educação? Acredito, que desde que o homem olhou para um lado e para o outro e se perguntou: “O que é a vida?”, ou, “Para onde vamos quando morremos?”, neste momento a filosofia surgiu em nosso meio.

Conforme o tempo foi passando e o homem foi vendo a necessidade de se agrupar em tribos e cidades, tudo isso graças à sistematização do conhecimento, sem o qual não teriam nenhuma possibilidade de abandonar a vida nômade, surgiu então a educação. Nos primórdios da sociedade a educação era apenas oral, ou seja, passava de pai para filho dentro de sua família. Educação era práxis. Aprendia-se a usar uma rede de pesca usando-a, aprendia-se a usar uma lança, simplesmente usando-a. O aprendizado de um indivíduo era voltado apenas para a resolução dos problemas que apareciam no seu cotidiano. E por não existirem escolas, a educação não era burocrática.

Mas foi na Grécia que surgiu a filosofia enquanto ciência digna de altos estudos e também a escola. Os filósofos produziam conhecimento, mas o ensinavam na escola. Então, indagar sobre a natureza das coisas era praticar a filosofia como atividade de busca de respostas, ou seja, “sistematização”, aos fenômenos do mundo, e educação era ensinar saberes, Já nessa época engessados.

Um exemplo da influência da filosofia sobre a educação é a crença geocêntrica de Aristóteles, que só foi refutada em 1609 por Galileu. Isso nos mostra que por mais de 1900 anos o mundo conhecido acreditou que a Terra era o centro do sistema solar. Inclusive isso era ensinado em todas as escolas que existiam no planeta.

Quanto à filosofia, podemos afirmar que Homero (autor de Ilíada e Odisséia) atribuiu ao Ocidente um modelo de homem, uma ética, e um berço, a saber a Grécia, e Hesíodo contribuiu com a “Teogonia”, modelos que foram ensinados geração após geração na educação ocidental. Tales de Mileto, conhecido como o primeiro filósofo a questionar a origem das coisas, de todas as coisa para ser exato, , mudou para sempre a história da educação.

Pitágoras também fundou uma escola de filosofia que tinha um “plano de fundo” místico e religioso (acreditava na reencarnação das almas) e na “perfeição” dos números (posteriormente refutado com a descoberta do número irracional). Mas foi Platão, fundador da “Academia” um dos mais influentes pensadores do mundo ocidental, pois, em sua escola surgiu alguns dos princípios da universidade.

Portanto, ao analisarmos a história da filosofia, podemos chegar à conclusão de que educação é um “rebento” da filosofia e não o contrário como acreditam muitas das pessoas com quem converso. O lado mal dessa história é que até mesmo a filosofia, hoje em dia está sendo praticada como atividade apenas curricular, ou seja, sabe-se muito sobre a história da filosofia, mas não se sabe mais filosofar. A tragédia é o fato de quase todos considerarem a filosofia um fruto da educação.

Edson Moura